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Polícia frustra complô da extrema-direita

Investigação descobre plano de ultrarradicais contra lideranças políticas, solicitantes de asilo e membros da comunidade muçulmana. Polícia detém 12 suspeitos

Correio Braziliense
postado em 15/02/2020 04:14
Investigação descobre plano de ultrarradicais contra lideranças políticas, solicitantes de asilo e membros da comunidade muçulmana. Polícia detém 12 suspeitos



No alvo de um grupo de extrema-direita, estavam políticos, solicitantes de asilo e muçulmanos. A polícia alemã descobriu que os ultrarradicais planejavam ataques, o que alimentou o temor da escalada da violência extremista. A investigação levou 12 pessoas à prisão. Suspeita-se de que quatro delas tenham formado “uma associação terrorista de extrema-direita”, enquanto as outras oito estavam dispostas a lhes fornecer apoio “financeiro” ou “assistência para a obtenção de armas”, anunciou o Ministério Público Federal da Alemanha, por meio de nota.

Por sua vez, o Ministério Público de Karlsrue (capital do estado de Baden-Württemberg), responsável por casos de terrorismo, explicou que o grupo foi criado quatro meses atrás com o objetivo de “abalar a ordem do Estado e da sociedade na Alemanha e, no fim, derrubá-la”. Segundo a nota, ele visava atingir, particularmente, “líderes políticos, requerentes de asilo e muçulmanos”.

Mais cedo, o Ministério Público tinha divulgado buscas em 13 locais em cinco estados regionais, incluindo a Baviera e a Renânia do Norte-Vestfália, a região mais populosa do país. Entre os suspeitos detidos, todos de nacionalidade alemã, há um policial da Renânia do Norte-Vestfália que foi suspenso, informou à agência France-Presse (AFP) um porta-voz do Ministério do Interior regional.

“Os ataques, cujos alvos concretos ainda não tinham sido definidos, seriam cometidos contra líderes políticos, requerentes de asilo e pessoas de fé muçulmana, a fim de provocar uma situação próxima à guerra civil”, afirmou a Justiça. Para implementar tais planos, os suspeitos se reuniram por várias ocasiões e em locais distintos. Também adotaram diferentes aplicativos de mensagens para comunicação.

Desde o assassinato de Walter Lübcke, um político pró-imigrantes do partido de Merkel, em junho passado, as autoridades demonstram preocupação com o terrorismo da extrema-direita. Fora dos radares da Inteligência alemã há vários anos, um neonazista chegou a ser detido — no passado,  ele havia sido condenado por violência racista. O DNA dele foi encontrado no local do crime, na varanda da casa de Lübcke. Defensor da acolhida de refugiados, o político tinha recebido ameaças de morte.

Choque
A execução de Lübcke estarreceu a Alemanha, onde a extrema-direita obteve importantes sucessos eleitorais, em particular no antigo lado oriental comunista — onde a ala mais radical do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) está na mira dos serviços de Inteligência.

Em outubro passado, um jovem adepto da extrema-direita e negacionista do Holocausto tentou realizar um ataque a uma sinagoga em Halle, também na antiga Alemanha Oriental. Como ele não obteve sucesso em arrombar a porta do templo, disparou aleatoriamente contra uma pedestre e contra o cliente de um restaurante de kebab. A ação foi transmitida ao vivo pela internet.

Em Dresden, oito neonazistas também estão sendo julgados há quase cinco meses por planejarem ataques contra estrangeiros e políticos. Há muitos anos, os acusados pertencem a grupos de hooligans, neonazistas e skinheads de Chemnitz.Também cresce a preocupação com o aumento da violência contra políticos eleitos no país, em um contexto de acirramento do clima político sob pressão da extrema-direita. Em janeiro, um deputado de origem senegalesa, Karamba Diaby, recebeu ameaças de morte, e buracos de bala foram descobertos na janela de seu escritório em Halle.



Líder dos conservadores da Turíngia renuncia


O terremoto político provocado pela aliança com a extrema-direita levou à renúncia de Mike Mohring (foto), líder dos conservadores do estado da Turíngia. “Seria bom pacificar o partido, deixar de lado os interesses pessoais e encontrar um caminho comum para o futuro”, disse Mohring, em vídeo postado em seu perfil no Twitter. “Eu não quero ser um obstáculo e, portanto, não vou concorrer novamente à Presidência do partido.” Mohring estava sob pressão desde a eleição para o Parlamento regional de um líder liberal com o apoio dos conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e da extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), que quebrou um tabu desde o final da Segunda Guerra Mundial.





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