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EUA resgatam cidadãos em navio

Governo americano retirou passageiros do país que estavam em quarentena a bordo do transatlântico atracado na costa do Japão. Ao menos 40 estão infectados e serão tratados em hospitais japoneses. Taiwan registra 1ª morte

Correio Braziliense
postado em 17/02/2020 04:34
Outros passageiros seguem a bordo do Diamond Princess, que está na costa do Japão desde 5 de fevereiro

Os Estados Unidos começaram a retirar americanos que estavam em quarentena em transatlântico na costa do Japão. As autoridades informaram que pelo menos 40 deles estão infectados com o coronavírus e que todos os pacientes serão tratados em hospitais japoneses. Outras nações também manifestaram a vontade de resgatar seus cidadãos, que seguem a bordo do Diamond Princess desde 5 de fevereiro. Enquanto isso, a China comemorou o terceiro dia consecutivo de redução nas taxas de óbitos causados pela epidemia.

Durante a madrugada de segunda-feira (horário local) os americanos deixaram o navio em grupos, passando por um controle de passaportes improvisado, embora não tenham se submetido a um controle sanitário, informou à Agência France Presse (AFP) de notícias uma passageira californiana que estava na embarcação. Em seguida, eles embarcaram em ônibus cujos motoristas vestiam roupas de proteção e receberam a informação de que mais de uma dúzia de veículos viajaria em comboio. Segundo as autoridades responsáveis pela operação, seis voos fretados devem levar os passageiros do navio para os Estados Unidos, onde parte deles permanecerá em quarentena de 14 dias em uma base militar da Califórnia. Os demais ficarão no Texas.

Em entrevista à rede CBS de televisão, o diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (NIH), Anthony Fauci, explicou que os pacientes cuja infecção foi confirmada não poderão voar. Questionado sobre a gravidade da infecção dos americanos, ele respondeu que variava de acordo com o caso. “Um pode estar infectado e ter sintomas mínimos, mas, ainda assim, infectar alguém”, detalhou. “Ou pode estar infectado e sofrer um problema pulmonar significativo que reiquera hospitalização, e talvez até uma intervenção séria”, acrescentou. “Se as pessoas no avião começarem a desenvolver sintomas, elas serão segregadas dentro da aeronave.”

Alguns cidadãos americanos rejeitaram a remoção. Fauci declarou que, mesmo aqueles que se recusaram a ser evacuados por serem assintomáticos, deverão ficar em quarentena quando retornarem aos Estados Unidos.

Mais infecções

Além dos casos no transatlântico, autoridades japonesas anunciaram seis novas infecções registradas ontem, a maioria em Tóquio, o que eleva para 59 o número de casos confirmados no país. Com o aumento do contágio, o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, advertiu que o país está entrando em uma nova fase. “Estamos vendo casos de infecção dos quais não podemos rastrear a rota de transmissão”, frisou Kato. A remoção ocorre no momento em que autoridades do Japão aumentam suas advertências sobre o surto, pedindo que os cidadãos evitem lugares cheios.

Outros países preocupados com o aumento rápido dos casos de novo coronavírus a bordo do transatlântico Diamond Princess decidiram também evacuar rapidamente seus cidadãos. O governo local de Hong Kong quer repatriar seus cidadãos (350) “o quanto antes”, e o Canadá deseja fazer o mesmo com os cerca de 250 canadenses a bordo.

Um total de 355 casos foram registrados ontem no navio, 70 a mais do que na véspera. Mas nem todas as 3.711 pessoas a bordo foram submetidas aos testes que permitem estabelecer uma eventual infecção. “Até agora, examinamos 1.219 pessoas”, declarou Kato à rede nipônica NHK.

O fim da quarentena dos passageiros do Diamond Princess está previsto para o dia 19, mas os acontecimentos recentes poderão alterar esse calendário. O Diamond Princess realizava um cruzeiro com escalas na Ásia quando um passageiro que desembarcou em Hong Kong deu positivo para o novo coronavírus. Ao chegar à costa do Japão, o navio não recebeu autorização para atracar, e todos os passageiros foram colocados em quarentena. Os casos confirmados foram transferidos para hospitais japoneses especialmente equipados.



China

O número de óbitos na China atingiu 1.765, após 100 pessoas morrerem na província de Hubei, segundo dados oficiais divulgados hoje. Também foram relatados 1.933 novos casos de infecção, após três dias de declínio. Até esse último balanço, havia registro de cinco mortes fora do país: uma em Hong Kong, uma no Japão, uma nas Filipinas, uma na França e a mais recente, em Taiwan, que anunciou ontem o óbito de um homem de 61 anos. Ele apresentava problemas de saúde e não havia saído do país recentemente. Morreu no hospital, após testar positivo para o novo coronavírus, informaram as autoridades da região.

“O caso mais recente envolveu um taxista. Seus principais passageiros haviam chegado de China, Hong Kong e Macau”, destacou Chen Shih-Chung, ministro da Saúde de Taiwan. Segundo ele, autoridades estão examinando a lista de clientes do taxista e seu histórico de viagens, para tentar encontrar o possível transmissor do vírus. Um parente de 50 anos da vítima também foi infectado, mas não apresenta sintomas. Já são 20 os casos confirmados de COVID-19 em Taiwan.

Vigilância no Porto de Santos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nota para reforçar a informação de que não há nenhum tripulante infectado pelo coronavírus no navio Kota Pemimpin, de bandeira chinesa. A embarcação chegará ao Porto de Santos hoje. Por precaução, a agência garantiu que “irá a bordo da embarcação e fará, em conjunto com a vigilância epidemiológica do Estado de São Paulo e do município de Santos, a avaliação clínica de todos os tripulantes”. Ainda segundo a nota, o Porto de Santos dispõe de plano de contingência para eventos de saúde pública, que poderá ser acionado caso identificado algum risco sanitário ou epidemiológico.


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