Mundo

Ghani é reeleito presidente

Resultado final da apuração, cinco meses após a votação, é anunciado em meio a negociações entre Washington e o grupo extremista Talibã. Abdullah Abdullah, principal adversário do líder do governo, contesta vitória, como ocorreu em 2014

Correio Braziliense
postado em 19/02/2020 04:07
Ahsraf Ghani (D) com Trump, em 2019, durante visita às tropas americanas baseadas em Bagram


A Comissão Eleitoral do Afeganistão declarou, ontem, Ashraf Ghani reeleito presidente do país, com 50,64% dos votos. Anunciados mais de quatro meses após as eleições de 28 de setembro do ano passado, os resultados, mais uma vez, foram alvo de contestação do adversário Abdullah Abdullah, como ocorreu em 2014.

“Que Deus o ajude a servir o povo do Afeganistão. Também rezo para que a paz chegue ao nosso país”, assinalou Hawa Alam Nuristani, presidente da Comissão Eleitoral, na entrevista em que proclamou a vitória do presidente.

Será Ghani, portanto, quem se sentará com o Talibã para as futuras negociações destinadas a decidir o futuro do país. No momento, Washington continua a discutir um acordo com o grupo extremista para a retirada das tropas americanas do país, principalmente em troca de garantias de segurança.

Se o governo de Cabul ficou de fora até agora da mesa de negociações, ele deve participar das conversas internas com os insurgentes islâmicos, que deverão começar após a assinatura de pacto entre os norte-americanos e o Talibã.

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estimou que o acerto estava “muito próximo”.

O Talibã, as forças de segurança afegãs e os Estados Unidos concordaram em lançar uma “redução da violência” por sete dias, segundo as autoridades locais. No entanto, essa trégua parcial ainda não foi iniciada.

Para o analista Atta Noori, a eleição de Ghani é “um passo adiante” no processo de negociação. “Um governo vacilante não está em posição de falar com o Talibã. Os próximos eventos são mais importantes do que as queixas de Abdullah sobre fraudes”, estimou.

O anúncio da vitória de Ghani foi várias vezes adiado em razão de acusações de manipulação de votos apresentadas por Abdullah, que conquistou 39,52% dos votos. “Os resultados anunciados não têm legitimidade”, reagiu Faraidoon Khwazoon, porta-voz de sua equipe de campanha do candidato de oposição. “Nos retiramos do processo (eleitoral) há dois dias. As comissões não agiram de acordo com a lei e perderam sua legitimidade”, acrescentou.

O vice-presidente Abdul Rashid Dostum, um poderoso ex-senhor da guerra e aliado de Abdullah Abdullah, também ameaçou formar um governo paralelo se fossem anunciados dados “fraudulentos”. Os resultados preliminares, divulgados no fim de dezembro, já mostravam uma vitória do chefe de Estado.


“Que Deus o ajude a servir o povo do Afeganistão. Também rezo para que a paz chegue ao nosso país”
Hawa Alam Nuristani, presidente da Comissão Eleitoral do Afeganistão



Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags