Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 04:16
No mais virulento debate neste ano da campanha democrata à Casa Branca, os pré-candidatos concentraram os ataques contra o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que fez sua estreia, anteontem. Antes dos “caucus” (assembleias cidadãs) de sábado no estado de Nevada, o terceiro estado a celebrar a votação interna partidária, o encontro de Las Vegas foi o mais polêmico dos nove organizados até agora, no momento em que o esquerdista Bernie Sanders é apontado como o favorito entre os oito aspirantes na disputa. Dono de uma fortuna de US$ 65,2 bilhões, Bloomberg foi chamado de “bilionário arrogante” e questionado por “comentários sexistas” e “políticas racistas”.
Quando partiu para a ofensiva contra Sanders, o magnata também fracassou. “Não acredito que exista qualquer possibilidade de que o senador vença o presidente Trump”, disse Bloomberg. A resposta foi ácida. “Mike Bloomberg possui mais riquezas que 125 milhões de americanos. Isto é imoral”, respondeu o senador por Vermont. O bilionário também foi alvo das críticas de Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend (Indiana). “Não deveríamos ter que escolher entre um candidato que deseja queimar este partido (Bernie Sanders) e outro que deseja comprar este partido (Bloomberg)”, disparou o vencedor do caucus de Iowa e segundo colocado em New Hampshire. “Devemos escolher alguém que na realidade seja democrata”, acrescentou, desta vez se referindo a Sanders e a Bloomberg.
A senadora Elizabeth Warren também escolheu atacar o ex-prefeito de Nova York. “Entendam isto: os democratas correm um grande risco se apenas substituirmos um bilionário arrogante por outro”, advertiu, ao equiparar Bloomberg ao presidente Donald Trump. ‘Os democratas não vão ganhar se tivermos um candidato que tem um histórico de esconder suas declarações fiscais, de assediar mulheres e de apoiar políticas racistas”, acrescentou.
Surpresa
Jacob Thompson — diretor da Equipe de Debate, professor do Departamento de Estudos da Comunicação da Universidade de Nevada, em Las Vegas, e professor de debates em campanhas políticas — afirmou ao Correio que a performance de Bloomberg no debate de quarta-feira foi “historicamente ruim”. “Estou francamente surpreso por seus assessores terem permitido que ele participasse do debate, dados o seu aparente despreparo e o fato de que seria atacado por todos os lados”, comentou. “Ele não estava apto a se defender de ataques facilmente previsíveis sobre temas, como o uso de retórica sexista; a política de revista policial das minorias, em Nova York; e acordos que ele teria assinado com mulheres alegando discriminação ou assédio. Ele chegou a ser vaiado pela plateia.”
O especialista disse que Bloomberg não estava bem preparado para defender preocupações óbvias em nível macro, como sua posição econômica enquanto bilionário. “Outros candidatos ricos, como Donald Trump, em 2016, e Tom Steyer, em 2020, conseguiram lidar de modo simples e inteligente, dizendo coisas como: ‘Eu me beneficiei do sistema e fiquei rico; sei que o sistema funciona, e, como insider, sou o único que pode realmente mudá-lo’. A não resposta de Bloomberg deixou acusações na mente dos telespectadores, e elas provavelmente persistirão”, advertiu Thompson.
Eu acho...
“O desempenho de Michael Bloomberg no debate de anteontem provavelmente surtirá impacto negativo em sua posição nas pesquisas. Políticos que experimentam um salto nas sondagens frequentemente descobrem que o apoio não é fortemente comprometido. Portanto, um fraco desempenho no debate pode desabar seus números nas pesquisas rapidamente.”
Jacob Thompson, professor de debates em campanhas políticas pela Universidade de Nevada, em Las Vegas
Ex-assessor de Trump pega 40 meses de prisão
Aliado de longa data de Donald Trump, Roger Stone foi condenado a 40 meses de prisão por impedir uma investigação do Congresso, em um caso sobre a interferência política do presidente dos EUA no sistema judicial. Veterano do Partido Republicano e um dos confidentes mais antigos de Trump, ele foi acusado em novembro de mentir para o Congresso, adulterar uma testemunha e obstruir a investigação da Câmara sobre se a campanha de Trump conspirou com a Rússia para manipular as eleições de 2016. “A verdade ainda existe”, afirmou a juíza Amy Berman Jackson ao pronunciar a sentença. “A verdade ainda importa. A insistência de Roger Stone de que isso não importa, sua beligerância, seu orgulho de suas próprias mentiras são uma ameaça para nossas instituições mais fundamentais, para o próprio fundamento de nossa democracia.”
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