Mundo

O primeiro cruzamento entre humanos antigos

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 04:16
O antropólogo Alan Rogers liderou o estudo: busca por padrões genéticosUm antropólogo americano descobriu o primeiro evento de cruzamento entre populações humanas antigas. A descoberta surgiu graças à análise de cadeias de DNA de hominídeos. Com as observações, ele identificou que o ancestral comum dos denisovanos e neandertais cruzou com um hominídeo distante há cerca de 700 mil anos. O evento se deu entre duas populações que estavam mais distantes do que qualquer outro registrado. As descobertas foram publicadas na última edição da revista Science Advances.

Durante três anos, Alan Rogers tentou resolver um quebra-cabeça evolucionário. Ele comparou genomas de hominídeos em busca de padrões genéticos, como mutações e genes compartilhados. Com as informações, desenvolveu uma série de métodos estatísticos para se debruçar. “Eu tenho trabalhado nos últimos anos nessa maneira diferente de analisar dados genéticos para descobrir sobre a história. É gratificante ter uma maneira diferente de ver os dados e descobrir coisas que as pessoas não foram capazes de ver com outras metodologias”, conta, em comunicado, o professor de antropologia da Universidade de Utah.

Em seu novo estudo, Rogers documentou o primeiro evento conhecido de cruzamento entre populações humanas antigas — um grupo conhecido como superarcaico na Eurásia teria cruzado com o ancestral neandertais-denisovanos cerca de 700 mil anos atrás. Segundo o autor, o evento se deu entre duas populações que estavam extremamente distantes. “Nunca conhecemos esse episódio de cruzamento e nunca fomos capazes de estimar o tamanho da população superarcaica”, frisa. “Estamos apenas lançando luz sobre um intervalo na história evolutiva humana que, antes, era completamente escuro. Essas descobertas sobre o momento em que os cruzamentos ocorreram na linhagem humana estão dizendo algo sobre quanto tempo leva para o isolamento reprodutivo evoluir”, completa Rogers.

Migração 
O pesquisador e sua equipe usaram outras pistas nos genomas para estimar quando as populações humanas antigas se separaram e o tamanho efetivo delas. A estimativa é de que o superarcaico se separou cerca de 2 milhões de anos atrás. O dado entra em concordância com a evidência fóssil humana na Eurásia, que tem 1,85 milhão de anos.

Os pesquisadores também propuseram que havia três ondas de migração humana na Eurásia. A primeira ocorreu há 2 milhões de anos, quando os superarcaicos migraram para a Eurásia e se expandiram para uma grande população. Então, 700 mil anos atrás, os ancestrais neandertais-denisovanos migraram para a Eurásia e, rapidamente, cruzaram com os descendentes dos superarcaicos. Finalmente, os humanos modernos se expandiram para a Eurásia há 50 mil anos, onde cruzaram com outros humanos antigos, inclusive com os neandertais.



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