Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 08:53
O surgimento de novos casos de coronavírus na Coreia do Sul, no Irã, assim como em hospitais e presídios na China, aumenta a preocupação sobre a propagação da epidemia, que já deixou mais de 2.200 mortos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu à comunidade internacional uma "ação forte" e sem demora contra o vírus, que infectou mais de 75.000 pessoas na China e 1.100 em outros países.
O número de novos casos diários na China, que havia registrado queda durante quatro dias consecutivos, cresceu e alcançou 889, contra 673 na quinta-feira, anunciou a Comissão Nacional da Saúde.
A preocupação aumentou com as notícias de dezenas de contágios em dois hospitais de Pequim e de mais de 500 casos em prisões do país, 200 deles em apenas um centro penitenciário.
Os novos casos foram registrados apesar do governo ter estabelecido uma quarentena de fato para dezenas de milhões de pessoas na província de Hubei e em sua capital Wuhan - epicentro da epidemia. Muitos chineses permanecem confinados em suas casas em outras regiões do país devido às medidas de contenção.
Vários países proibiram a entrada de pessoas procedentes da China e diversas companhias aéreas suspenderam os voos para o país.
Estas restrições não impediram, no entanto, o surgimento de novos casos fora de China continental, com 11 mortes até agora.
Seita cristã
As autoridades sul-coreanas anunciaram nesta sexta-feira 100 novos casos de contágio do coronavírus, o que eleva a 204 o total no país.
Destes, mais de 80 são seguidores da "Igreja de Jesus Shincheonji", uma seita cristã que tem sede na cidade de Daegu.
Uma mulher de 61 anos, que não sabia que havia contraído a pneumonia viral, infectou os demais integrantes da seita ao comparecer às cerimônias religiosas.
O prefeito da cidade de Daegu, de 2,5 milhões de habitantes, pediu à população que permaneça em casa. Nesta sexta-feira, muitos moradores usavam máscaras para evitar o contágio.
Na quinta-feira, o Irã confirmou três novos casos, poucos dias depois do anúncio da morte de dois idosos na cidade de Qom (150 km ao sul de Teerã).
Preocupado, o Iraque proibiu que seus cidadãos visitem a República Islâmica e vetou a entrada de iranianos em seu território.
"Muito perigoso"
No Japão, a polêmica aumentou nesta sexta-feira a respeito do cruzeiro "Diamond Princess", atracado em quarentena no porto de Yokohama desde o início do mês e que continua sendo o principal foco de infecção fora da China.
Dois passageiros australianos, que ao desembarcar apresentaram resultado negativo nos exames feitos pelas autoridades de saúde japonesas, foram declarados como infectados em seu retorno à Austrália.
Centenas de passageiros do navio foram autorizados a desembarcar esta semana após exames. Muitos retornaram para seus países de origem, onde voltaram a ser colocados em quarentena.
O contágio dos australianos provocou questionamentos sobre os procedimentos das autoridades japonesas a bordo do cruzeiro.
O Japão anunciou na quinta-feira a morte de dois passageiros, octogenários, portadores do vírus que haviam sido hospitalizados.
O aumento do número de novos casos levou a OMS a fazer um apelo de mobilização.
"É o momento de atacar o vírus, agora ainda é administrável", afirmou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Se não atacarmos de maneira forte agora [...] poderemos ficar diante de um grave problema".
"Este vírus é muito perigoso. É o inimigo público número um e não está sendo tratado como tal", completou.
Prisões afetadas
A China continental anunciou nesta sexta-feira 118 mortes nas últimas 24 horas, um número estável na comparação com a véspera, o que eleva o balanço nacional en 2.236 mortos.
Diante do risco de contágio, vários países continuam retirando seus cidadãos da China.
Em Pequim, onde a situação parecia sob controle, as autoridades anunciaram 36 casos no hospital Fuxing e um no hospital universitário, uma pessoa internada que foi infectada por dois parentes durante uma visita.
Mas as prisões representam a grande preocupação no momento: as autoridades locais anunciaram o contágio de 200 detentos e sete guardas em Jining, na província de Shandong, e 34 casos em uma penitenciária de Zhejiang.
Em Hubei, foco da epidemia, 271 casos foram registrados nas prisões.
Muitos chineses voltaram ao trabalho nesta semana, mas o país continua parcialmente paralisado, com vários cidadãos em suas casas e a maioria das lojas, restaurantes e escolas fechadas.
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