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EUA se prepara para assinar acordo com talibãs em 29 de fevereiro

O acordo e a trégua parcial marcarão um capítulo importante no conflito no Afeganistão, após mais de 18 anos de presença militar americana no país

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 14:04
Os EUA e o Talibã devem assinar um acordo histórico que abrirá o caminho para o fim da guerra mais longa da América.Os Estados Unidos se preparam para assinar um acordo com os talibãs, depois de uma semana de diminuição da violência no Afeganistão, que começará oficialmente neste sábado - anunciou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, nesta sexta-feira (21/2).

"Depois que se começar a aplicar corretamente este compromisso (de redução da violência), espera-se a assinatura do acordo entre os Estados Unidos e os talibãs", disse Pompeo, em um comunicado divulgado após sua visita à Arábia Saudita.

"Nos preparamos para que o acordo seja assinado em 29 de fevereiro", afirmou.

A mesma data havia sido mencionada anteriormente por uma autoridade afegã. Segundo esta fonte, a assinatura aconteceria na capital do Catar, se esse período experimental de redução da violência fosse respeitado.

Essa trégua parcial e o acordo posterior marcarão um capítulo importante no conflito no Afeganistão, após mais de 18 anos de presença militar americana no país e em troca de garantias de segurança dos insurgentes.

Em seu comunicado, Pompeo afirmou que as negociações entre os distintos grupos afegãos começarão após a assinatura do acordo em 29 de fevereiro.

As negociações desejam alcançar "um cessar-fogo completo e permanente e um roteiro político para o Afeganistão".

Segundo Pompeo, o progresso feito até agora mostra que existe "esperança" e representa "uma oportunidade real" para a paz.

O secretário-geral da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que um acordo histórico entre Estados Unidos e os talibãs abriria caminho para uma paz duradoura no Afeganistão.

"Pode pavimentar o caminho para as negociações entre os afegãos, uma paz duradoura e garantir que o país não seja mais um refúgio seguro para terroristas", declarou em um comunicado.

"Esta é uma prova fundamental da vontade dos talibãs e de sua capacidade de reduzir a violência e contribuir para a paz de boa-fé", acrescentou.

A Rússia também elogiou o acordo, considerando que se trata de um "evento importante" para a paz no Afeganistão, segundo o enviado russo, Zamir Kabulov.

Há mais de um ano, os Estados Unidos negociam com os talibãs uma maneira de chegar a um acordo para retirar suas tropas em troca de garantias e da promessa dos insurgentes de negociações de paz com o Executivo afegão.

Uma diminuição da violência poderia mostrar que o Talibã é capaz de controlar suas forças e agir de boa-fé para assinar um acordo. Isso permitiria a retirada de metade dos cerca de 13.000 militares americanos estacionados no Afeganistão.

Em um comunicado, os talibãs disseram que os dois lados "criariam uma situação de segurança adequada" antes da assinatura de um eventual acordo.

Uma fonte dos talibãs no Paquistão afirmou que, se um acordo for assinado em 29 de fevereiro, as negociações entre o Talibã e o governo afegão, necessárias para alcançar um pacto de paz mais amplo, começarão em 10 de março.

Em Kandahar (sul), visto como um feudo do Talibã, um insurgente disse à AFP que havia recebido ordens para implementar um cessar-fogo.

Já o comandante talibã Hafiz Saeed Hedayat declarou, também em Kandahar, que recebeu apenas ordens para parar de atacar as principais cidades e rodovias.

"Isso pode significar que a violência continuará nos distritos", admitiu Hedayat.

Os Estados Unidos e os talibãs estiveram perto de chegar a um acordo no passado, mas o presidente americano, Donald Trump, desistiu no final de setembro, porque os insurgentes não abandonaram a violência.

De qualquer forma, a trégua não está isenta de riscos, alertam analistas, prevendo que o estabelecimento da paz no Afeganistão será extremamente delicado e que um pacto de paz pode desmoronar a qualquer momento.

Alguns até advertiram que os dois lados podem tirar proveito da trégua para reconfigurar forças para futuros confrontos.

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