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Trump nega ingerência russa na eleição

Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 04:06
Putin e Trump em reunião bilateral na cidade de Osaka, Japão, em junho de 2019: influência suspeita de Moscou 

O fantasma que pairou sobre as últimas eleições presidenciais volta a assombrar o governo de Donald Trump. O presidente norte-americano classificou de “farsa” montada por adversários democratas um dossiê das agências de Inteligência do país, segundo o qual a Rússia está interferindo nas eleições de 2020. O documento foi divulgado durante uma sessão a portas fechadas no Congresso dos EUA. “Outra campanha de desinformação está sendo lançada pelos democratas do Congresso, dizendo que a Rússia prefere a mim a qualquer outro candidato dos democratas que não fazem nada”, tuitou o republicano. “Farsa número 7!”, disparou, sem explicar o significado do número.

Os congressistas democratas expressaram novas preocupações, depois de receberem um informe confidencial do então diretor interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire. No relatório, o funcionário adverte que a Rússia voltou a intervir nas eleições presidenciais nos EUA, com a esperança de ajudar Trump a conseguir seu segundo mandato. De acordo com o jornal The New York Times, Trump recriminou Maguire, na semana passada, pelo fato de a reunião ter ocorrido. O diretor acabou afastado do cargo.

O NY Times informou que o presidente americano ficou particularmente descontente com a participação nessa sessão do Legislativo, em 13 de fevereiro, de Adam Schiff. Líder do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, o democrata Schiff conduziu a investigação que desencadeou sua acusação no Congresso.

Também ontem, autoridades do governo Trump revelaram ao senador Bernie Sanders, pré-candidato democrata à Casa Branca, que Moscou tenta ajudar em sua campanha, a fim de intervir também na disputa entre os opositores. Segundo o jornal The Washington Post, Trump e congressistas também foram informados sobre a ajuda russa a Sanders. Em resposta, o senador disse que o presidente russo, Vladimir Putin, é um “bandido”.

Antes desses episódios, Trump tinha manifestado incômodo, depois que a comunidade de Inteligência expressou, publicamente, que a Rússia interferiu na campanha eleitoral de 2016 para avalizar a candidatura de Trump ante a rival democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

“Contamos com os serviços de inteligência para informar o Congresso sobre qualquer ameaça de interferência estrangeira em nossas eleições. Se a informação for verdadeira e o presidente interferir, estará novamente comprometendo nossos esforços para impedir toda interferência estrangeira. Tal como avisamos”, tuitou Schiff. Por sua vez, a Rússia rejeitou as novas acusações da Inteligência americana, cujos detalhes não foram revelados, e as chamou de “paranoia”.

“Não tem nada a ver com a verdade”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, denunciando “novas mensagens paranoicas que, infelizmente, se tornarão mais comuns à medida que as eleições se aproximam” nos EUA. Moscou sempre negou qualquer envolvimento na campanha eleitoral de 2016, com a ajuda de hackers e trolls russos nas redes sociais, apesar do consenso das agências federais americanas de que houve interferência.

“O presidente nega interferência estrangeira nas eleições há três anos, porque seu ego não pode aceitar que a Rússia tenha intervido a seu favor”, disse o democrata Bennie Thompson, presidente da Comissão de Segurança Nacional da Câmara de Representantes. Para substituir Maguire, Trump escolheu Richard Grenell, embaixador dos EUA na Alemanha, que, segundo os democratas, carece de experiência para uma posição em que supervisionará 17 agências federais, incluindo a CIA.


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