Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 04:06
Refugiado em Buenos Aires, o ex-presidente da Bolívia Evo Morales criticou ontem a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do seu país de não aceitar sua candidatura ao Senado para as próximas eleições, que serão realizadas em maio. Ele pretendia se eleger pelo departamento de Cochabamba.
“Agora, não me deixam ser candidato, não respeitam a lei eleitoral (...) Esse veto é outro erro jurídico”, disse Morales, durante uma coletiva de imprensa junto aos seus advogados.
Para Morales, que presidiu a Bolívia durante 14 anos e foi forçado a renunciar dias após uma polêmica vitória eleitoral, em novembro do ano passado, com a decisão, “alguns membros do Tribunal Eleitoral não estão garantindo uma eleição limpa e transparente”. “É um atentado à democracia, (eles) têm medo da democracia”, afirmou.
A candidatura de Morales foi impugnada porque o TSE entendeu que ele não cumpria um dos requisitos básicos para participar da disputa: residência permanente, nos últimos dois anos, na juridição do país que almejava representar. No período em que presidiu a Bolívia, Morales morou em La Paz, a capital do país.
Com base nesse mesmo critério, também as candidaturas de Diego Pary, chanceler no governo Morales, e do líder de direita Mario Cossío foram inabilitadas. Depois do veredito, na noite de quinta-feira, Morales tuitou: “A decisão do Supremo Tribunal Eleitoral é um golpe para a democracia. Os membros da @TSEBolivia sabem que eu atendo aos requisitos para ser candidato. O objetivo final é a proscrição do MAS (Movimento ao Socialismo).
O presidente da Justiça Eleitoral, Salvador Romero, procurou afastar qualquer insinuação de perseguição ao divulgar que o TSE “rejeitou, por falta de fundamento, os processos de desqualificação contra Luis Arce”, o candidato do MAS à Presidência.
Segundo as últimas pesquisas de intenção de votos, Luis Arce lidera a preferência dos eleitores, com 31,6% . Em segundo lugar, está o ex-presidente Carlos Mesa, com 17,1%. A presidente interina, Jeanine Áñez, tem 16,5%.
Missão
Também ontem, a União Europeia (UE) anunciou que vai enviar uma missão de observação à Bolívia durante as eleições. “O êxito do processo eleitoral é essencial para restabelecer a estabilidade que a Bolívia precisa para alcançar os seus objetivos políticos e socioeconômicos de desenvolvimento e prosperidade”, disse, por meio de um comunicado, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
A eurodeputada portuguesa Isabel Santos estará à frente da missão de observar a votação de 3 de maio e um eventual segundo turno, em 14 de junho.
“Depois das tensões políticas do ano passado, as próximas eleições serão extremamente importantes para a Bolívia”, ressaltou Isabel Santos.
"Esse veto é outro erro jurídico. É um atentado à democracia”
Evo Morales, ex-presidente da Bolívia
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