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China adia grande sessão anual do Partido Comunista por coronavírus

O evento tradicional serve para mostrar a unidade do país. A sessão será realizada em outra data, a ser anunciada posteriormente

Correio Braziliense
postado em 24/02/2020 13:18
A China decidiu adiar a reunião anual do seu parlamento, prevista para março pela primeira vez desde a Revolução Cultural, enquanto o país luta para conter o surto de coronavírus.A China anunciou nesta segunda-feira (24/2) o adiamento, sem data prevista, da sessão anual de seu Parlamento por causa da epidemia do novo coronavírus, um problema incomum na mecânica bem engrenada do governo comunista.

A sessão plenária da Assembleia Nacional Popular (ANP) deveria começar, como todos os anos, no dia 5 de março. O evento tradicional serve para mostrar a unidade do país, com o apoio de enormes bandeiras vermelhas e votações que geralmente são encerradas com quase total unanimidade.

Mas o surgimento do novo coronavírus, que já matou 2.500 pessoas e infectou 77.000, alterou o calendário.

A sessão será realizada em outra data, a ser anunciada posteriormente, conforme decidido nesta segunda-feira pelo comitê permanente da ANP, citado pela televisão nacional.

Reunir 3.000 deputados no Palácio do Povo em Pequim parecia algo impensável, pois há regiões inteiras em quarentena e muitos cidadãos estão trancados em suas casas por medo do contágio. Eles só podem pisar na rua se estiverem de máscara.

A capital também decretou uma quarentena de 14 dias em casa ou hotel para quem já esteve em outra região do país.

O adiamento é “necessário” caso se pretenda que “a atenção seja focada na prevenção e no controle da epidemia”, afirmou na semana passada um alto funcionário do Parlamento, Zang Tiewei.

Após os distúrbios da “Revolução Cultural” (1966-1976), a sessão plenária foi realizada todos os anos desde 1978.

Desde 1985 começa sistematicamente em março e, mais especificamente, no dia 5 desse mês desde 1998, como um símbolo da estabilidade do governo, que completou no ano passado 70 anos.

Meta de crescimento em espera
No entanto, para Dorothy Solinger, da Universidade da Califórnia em Irvine, a mensagem do governo pode ser obscurecida pela epidemia.

“Como se pode apresentar a mensagem necessariamente otimista [...] sobre o progresso e as realizações do país em meio a tanta incerteza?”, declarou à AFP.

Ao adiar a sessão, o governo pode explicar que “dedica todos os seus esforços à luta contra o vírus e não tem tempo para organizar a reunião, por enquanto”.

Embora as grandes decisões submetidas à ANP já tenham sido tomadas pelo Partido Comunista Chinês (PCC), a sessão anual dá lugar a alguns anúncios tradicionais, como a meta de crescimento econômico para o ano.

O primeiro-ministro, Li Keqiang, anunciou no ano passado um crescimento entre 6 e 6,5% do PIB para 2019. O valor final foi de 6,1%.

Com a economia em pleno declínio há um mês por conta da epidemia, o índice de 2020 poderá ser consideravelmente menor.

No sábado, a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que as últimas estimativas da instituição previam uma taxa de crescimento de 5,6% para a China em 2020, 0,4 ponto a menos do que as estimativas de janeiro.

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