Um Brexit sem acordo pode fazer com que os britânicos percam até 32 bilhões de dólares (cerca de 30 bilhões em euros) em exportações para a União Europeia, de acordo com um estudo econômico da ONU publicado nesta terça-feira.
Segundo o trabalho da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED), essas perdas equivalem a 14% das exportações britânicas para a UE.
“As perdas causariam um duro golpe para a economia britânica, já que o mercado da UE representa 45% das exportações”, observa a CNUCED em comunicado.
Em um estudo anterior, os economistas da ONU indicaram que as exportações do Reino Unido em 2018 totalizaram 450 bilhões de dólares, quase metade correspondente às que chegam à UE.
Como membro da UE, a Grã-Bretanha se beneficiou do acesso preferencial ao mercado europeu.
No caso de não haver acordo após o Brexit, os produtos britânicos podem ser penalizados com um aumento nas tarifas e barreiras não-tarifárias, como exigências de embalagem ou medidas sanitárias ou fitossanitárias.
O aumento das tarifas se traduziria para os britânicos em perdas de exportações que oscilam entre os 11,4 bilhões e 16 bilhões de dólares. As barreiras não-tarifárias podem levar a perdas de até 16 bilhões.
O estudo também mostra que um Brexit sem acordo teria consequências negativas para alguns países da UE, principalmente a Irlanda, onde as exportações para o mercado britânico poderiam cair 10%.
Realizado em 31 de janeiro, o Brexit marca o início das negociações complexas para estabelecer os vínculos que Londres e Bruxelas terão após o período de transição que termina em 31 de dezembro.
O estudo da CNUCED mostra que, mesmo que Londres e Bruxelas assinem um acordo de livre comércio “standard”, como os da UE com o Canadá e o Japão, as exportações britânicas para o espaço comunitário cairão 9%.
Por outro lado, um Brexit sem acordo pode gerar oportunidades para os países em desenvolvimento que exportam para o mercado britânico e, em menor grau, para a UE, segundo o estudo.
Um aumento das barreiras alfandegárias entre GB e a UE “beneficiará fornecedores de países terceiros. Em vez disso, se houver um acordo, limitará a necessidade de ir para países terceiros”, explica a organização.
Segundo o estudo, as exportações de países em desenvolvimento para o mercado britânico podem aumentar em até 4%, principalmente nos setores de agricultura, alimentos e bebidas, madeira e papel.
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