Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 04:06
Um dia depois de o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmar que uma pandemia do novo coronavírus não pode ser descartada, o especialista da agência que comandou a missão na China alertou que o mundo “simplesmente não está preparado” para enfrentar o contágio em larga escala. Até a noite de ontem, o Covid-19 havia contaminado 77 mil pessoas na China continental, das quais 2,6 mil morreram. Além do gigante asiático, mais de 20 nações registraram cerca de 2,5 mil casos e dezenas de óbitos.
“Você precisa estar preparado para administrar isso em larga escala, e tem que ser feito rapidamente”, declarou à imprensa Bruce Aylward, antes de insistir que os países devem “estar prontos como se fosse nos afetar amanhã”. “Não estamos preparados como deveríamos estar” tanto do ponto de vista psicológico quanto material, ressaltou.
O especialista da OMS pediu aos países que aprendam com a experiência chinesa. Na missão, Aylward visitou várias cidades e províncias, incluindo Wuhan, o epicentro da epidemia, para estudar a evolução e os efeitos do vírus.
“A avaliação unânime é de que os chineses mudaram o curso dessa epidemia. É impactante”, disse Aylward, um veterano na luta contra o Ebola. “Se tivesse o vírus, eu gostaria de ser atendido na China”, acrescentou, destacando os esforços realizados pelo país para equipar hospitais e construir novos centros de saúde. “A China sabe como manter com vida as pessoas que se infectaram com o coronavírus”, explicou, convidando a comunidade internacional a se preparar melhor.
Fronteiras
País europeu mais atingido pelo Covid-19, a Itália registrou ontem a 11ª morte provocada pela epidemia, que já afeta mais de 350 pessoas, especialmente nas regiões norte e noroeste. O coronavírus, no entanto, avança para o sul. O primeiro-ministro Giusepe Conte reconheceu que uma série de falhas em um hospital de Milão favoreceu a disseminação do micro-organismo, que chegou ontem à Toscana e à Sicília, segundo informações oficiais.
Apesar da epidemia crescente, os ministros da Saúde dos países vizinhos à Itália se comprometeram a manter as fronteiras abertas, informou o ministro italiano da pasta, Roberto Speranza. Segundo ele, os colegas consideram o fechamento algo “ineficaz e desproporcional”, depois de uma reunião com representantes da França, Suíça, Áustria, Eslovênia, Croácia, Alemanha da União Europeia. Eles decidiram que “as modificações nas condições de viagem” dos italianos não serão aplicadas.
Ontem, as autoridades austríacas colocaram em quarentena um hotel na cidade turística Innsbruck, capital do Tirol, onde trabalhava uma recepcionista italiana contaminada pelo vírus. O governo tirolês não identificou o local, mas, segundo a mídia local, é o Gran Hotel Europa, com 108 quartos, no centro da cidade. A mulher e o companheiro dela, também da Itália estão isolados em um hospital da cidade, onde foram diagnosticados. É o primeiro caso de Covid-19 no país.
- Vice-ministro da Saúde infectado
No Irã, a proliferação do Covid-19 chegou aos gabinetes do governo, que confirmou, ontem, que o vice-ministro da Saúde, Iraj Harirchi, foi infectado pelo vírus. “O exame de Harirchi, que estava na linha de frente do combate ao coronavírus, deu positivo”, anunciou, no Twitter, Alireza Vahabzadeh, assessor de imprensa do ministério. Na véspera, durante uma entrevista coletiva concedida ao lado do porta-voz do governo, Ali Rabii, Harirchi tossiu diversas vezes. “Eu tive febre segunda-feira à noite”, disse o vice-ministro em um vídeo. “Eu me isolei depois do meu último teste e comecei o tratamento”, acrescentou.
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