postado em 27/02/2020 04:15
Um artigo publicado na revista Science Advances descreve novas ferramentas analÃticas que serão usadas para desvendar a história enigmática da atmosfera de Marte e, consequentemente, tentar responder se a vida já foi possÃvel no planeta vizinho. De acordo com o estudo, isso poderá ajudar os astrobiólogos a entender a alcalinidade, o pH e o teor de nitrogênio das antigas águas marcianas e, por extensão, a composição de dióxido de carbono da atmosfera antiga planetária.
Marte de hoje está muito frio para ter água lÃquida em sua superfÃcie, um requisito para hospedar a vida como a conhecemos. %u201CNos perguntamos se havia vida em Marte bilhões de anos atrás (...) Existem evidências impressionantes de que o planeta tinha oceanos de água lÃquida há cerca de 4 bilhões de anos%u201D, observa Tim Lyons, professor de biogeoquÃmica da Universidade da Califórnia em Riverside.
A questão central para os astrobiólogos é como isso foi possÃvel. O planeta vermelho está mais distante do Sol do que a Terra, e, bilhões de anos atrás, o Sol gerou menos calor do que hoje. %u201CPara aquecer o planeta com água de superfÃcie lÃquida, é provável que sua atmosfera precise de uma quantidade imensa de gases de efeito estufa, especificamente dióxido de carbono%u201D, explica Chris Tino, estudante de graduação da UCR e coprimeiro autor do artigo, com Eva Stüeken, professora da Universidade de St. Andrews.
Na Alemanha
Como é impossÃvel mostrar a atmosfera de Marte de bilhões de anos para descobrir seu conteúdo de CO2, a equipe concluiu que um local na Terra cuja geologia e quÃmica tenham semelhanças com a superfÃcie marciana pode fornecer algumas das peças que faltam. Eles a encontraram na cratera Nordlinger Ries, no sul da Alemanha. Formada cerca de 15 milhões de anos atrás, depois de ter sido atingida por um meteorito, ela apresenta camadas de rochas e minerais mais bem preservados do que em quase qualquer lugar da Terra.
Por enquanto, as amostras das crateras de Ries demonstram pH e alcalinidade altos. Segundo Tino, o pH é um dos marcadores-chave no cálculo de dióxido de carbono na atmosfera. Pesquisas futuras com o material alemão deverão indicar se, sob essas condições, Marte poderia ter CO2 suficientemente alto para liquefazer a água, permitindo a existência de alguma forma de vida.
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