Correio Braziliense
postado em 27/02/2020 04:15
Um pouco mais de um ano após o pouso, a espaçonave chinesa Chang%u2019E-4 continua a desvendar segredos do chamado lado escuro da Lua %u2014 aquele que não se vê da Terra. Um estudo publicado ontem na revista Science Advances revela o que se esconde abaixo da superfÃcie do satélite.
Chang%u2019E-4 (CE-4) pousou no piso leste da cratera Van Kármán, perto do polo sul da Lua, em 3 de janeiro de 2019. A sonda implantou imediatamente seu veÃculo espacial Yutu-2, que usa o radar de penetração lunar (LPR) para investigar o subterrâneo por onde vagueia. %u201CDescobrimos que a penetração do sinal no local CE-4 é muito maior do que a medida pela espaçonave anterior, Chang%u2019E-3, no local de pouso mais próximo%u201D, disse o autor do artigo, LI Chunlai, professor de pesquisa e vice-diretor dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC). %u201CA subsuperfÃcie no local de pouso CE-4 é muito mais transparente para as ondas de rádio, e essa observação qualitativa sugere um contexto geológico totalmente diferente para os dois locais de desembarque.%u201D
Porosidade
Li e sua equipe usaram o LPR para enviar sinais de rádio profundos para a superfÃcie da Lua, atingindo 40m pelo canal de alta frequência de 500 MHz %u2014 mais de três vezes a profundidade alcançada anteriormente pelo CE-3. Esses dados permitiram aos pesquisadores desenvolver uma imagem aproximada da estratigrafia subterrânea.
%u201CApesar da boa qualidade da imagem do radar ao longo da rota do rover, a uma distância de cerca de 106m, a complexidade da distribuição espacial e do formato das caracterÃsticas do radar dificultam bastante a identificação das estruturas e eventos geológicos que geraram essas caracterÃsticas%u201D, afirmou Su Yan, autor correspondente que também é afiliado ao NAOC.
Os pesquisadores combinaram a imagem do radar com dados tomográficos e da análise quantitativa do subsolo. Eles concluÃram que a subsuperfÃcie é essencialmente feita por materiais granulares altamente porosos que incorporam rochas de diferentes tamanhos. O conteúdo é, provavelmente, o resultado de uma galáxia turbulenta, quando meteoros e outros detritos espaciais atingiam a Lua com frequência. O local do impacto ejetaria material para outras áreas, criando uma superfÃcie com crateras no topo de uma subsuperfÃcie com camadas variadas.
Os resultados dos dados de radar coletados pelo LPR durante os primeiros dois dias de operação lunar fornecem a primeira imagem eletromagnética da estrutura da subsuperfÃcie do lado oposto da Lua e a primeira observação da arquitetura estratigráfica de um depósito de ejetos. %u201CEles ilustram, de uma maneira sem precedentes, a distribuição espacial dos diferentes produtos que contribuem para a sequência de ejetos e suas caracterÃsticas geométricas%u201D, disse Li, referindo-se ao material ejetado a cada impacto.
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