Correio Braziliense
postado em 27/02/2020 10:05
Acusado de assédio sexual, o tenor espanhol Plácido Domingo anunciou, nesta quinta-feira (27/2), que não se apresentará no Teatro Real, de Madri, e em outros lugares "que tenham dificuldades" para manter sua participação.
Em um comunicado enviado à AFP pelo Teatro Real, o artista, de 79 anos, também disse que as desculpas que pronunciou na terça-feira para com as mulheres afetadas deram uma "falsa impressão". Destacou ainda que nunca se comportou "de forma agressiva com ninguém".
Suas declarações provocaram os primeiros cancelamentos de apresentações suas na Espanha, que até o momento vinha sendo benevolente com seu célebre tenor.
Na quarta-feira, um organismo cultural do governo espanhol informou que suspendia a participação de Placido Domingo no Teatro Nacional de la Zarzuela, de Madri. Foi lá que o tenor iniciou sua carreira, há 50 anos.
Depois, o artista disse que cancelaria as apresentações de "La Traviata" previstas para maio, no Teatro Real, "para evitar que minha situação pudesse afetá-los, prejudicá-los, ou causar qualquer inconveniente adicional".
"Além disso, vou me retirar das apresentações nos teatros e nas companhias que tiverem dificuldades de realizar esses compromissos", acrescentou.
Seu anúncio coincidiu com o de um festival de música e dança em Úbeda, no sul da Espanha, que cancelou um concerto de Domingo previsto para 3 de maio.
Escândalo sexual
Desde agosto, o tenor se encontra mergulhado no escândalo, depois que mais de 20 mulheres o acusaram de apalpá-las, beijá-las à força, ou chantageá-las, em incidentes que em alguns casos remontam há 30 anos.
Inicialmente, Domingo rejeitou os fatos categoricamente.
Na terça-feira, porém, emitiu um comunicado, no qual disse sentir "o sofrimento" causado a essas mulheres e garantiu assumir "toda a responsabilidade por [suas] ações".
Horas depois, a associação americana de músicos (American Guild of Musical Artists, AGMA) revelou que, segundo sua investigação interna, o cantor teve "uma conduta inapropriada", e "muitas das testemunhas expressaram temor de represálias profissionais como razão para não falar antes".
Por essas denúncias, o tenor espanhol abandonou em outubro a direção da Ópera de Los Angeles, que ocupava desde 2003. Também teve apresentações em outras cidades dos Estados Unidos canceladas. Nos últimos meses, porém, continuou trabalhando na Europa.
"Nunca me comportei agressivamente com ninguém e nunca fiz nada para obstruir, ou prejudicar, a carreira de ninguém", ressaltou Domingo em seu último comunicado.
Ganhador de 12 prêmios Grammy em meio século de carreira, o tenor tinha várias apresentações agendadas nos próximos meses na Espanha, Áustria, Rússia, Suíça e Alemanha.
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