Mundo

Epidemia em fase decisiva

Com a diminuição dos casos de Covid-19 na China continental, onde surgiu a doença no fim do ano passado, e o aumento da propagação no exterior, Organização Mundial da Saúde (OMS) pede que a comunidade internacional multiplique os esforços

Correio Braziliense
postado em 28/02/2020 04:16
Norte-coreanos com máscaras em trem na capital, Pyongyang: vizinha Coreia do Sul é um dos focos da doença

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),  Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou, ontem, que a epidemia do novo coronavírus entrou em uma fase crucial para o mundo. E que, daqui para frente, tudo dependerá da forma que os países atuarem para barrar a Covid-19. “Se agirmos agora sem demora, podemos parar esse coronavírus. Meu conselho é agir rapidamente”, disse Ghebreyesus, durante entrevista em Genebra.

“Estamos em um momento decisivo”, insistiu o diretor-geral da agência das Nações Unidas, classificando o vírus de “muito perigoso”. A despeito das medidas adotadas pela comunidade internacional, a epidemia chegou a todos os continentes — cerca de 45 países têm diagnósticos confirmados.

Além disso, começa a se consolidar uma reviravolta na propagação do vírus. Pelo segundo dia consecutivo, o número de novos casos na China continental, onde o coronavírus surgiu, em dezembro do ano passado, foi inferior ao registrado no resto do mundo. As mortes também diminuíram: ontem, foram 29, o número mais baixo em um mês.

Inversão

Essa mudança gerou um cenário curioso. O governo chinês, que confinou mais de 50 milhões de pessoas em Hubei (centro), epicentro da epidemia, está preocupado, agora, com a “importação” de casos de outros países. Diante disso, Pequim anunciou que pessoas de regiões “severamente afetadas” pelo coronavírus terão que passar por quarentena.

Até o início da semana, a China era considerada o único centro mundial da epidemia de Covid-19, mas o risco aumentou com o surgimento de focos da doença em países como Coreia do Sul, Itália ou Irã. Autoridades sul-coreanas anunciaram mais de 500 novas infecções. O Irã informou ontem sete novas mortes, elevando o total para 26, o maior número de mortes fora da China.

Preocupada, a Arábia Saudita suspendeu temporariamente a entrada de peregrinos que viajavam para Meca. A medida afeta a Umra, a peregrinação que atrai várias dezenas de milhares de muçulmanos todos os meses e que, ao contrário do Hajj, que ocorre em datas específicas do calendário islâmico, pode ser realizada em qualquer época do ano.

No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe ordenou o fechamento de todas as escolas públicas do país a partir da próxima segunda-feira. O Iraque interditou locais públicos até 7 de março. A Suíça cancelou seu prestigioso salão de relojoaria e as empresas estrangeiras estabelecidas na China reduziram suas metas anuais, de acordo com pesquisas realizadas pelas câmaras de comércio.

Nos Estados Unidos, até agora pouco afetado, o presidente Donald Trump, após críticas, disse que  está tudo preparado para responder à epidemia em “uma escala muito maior”. Ele considerou a possibilidade de proibir a entrada de viajantes estrangeiros da Itália e da Coreia do Sul no país, como já fez com a China.

Apesar da gravidade da situação no Irã e na Coreia do Sul, a Itália é a grande preocupação mundial. A maioria dos casos de contágio registrados na Espanha, Argélia, Estônia, Grécia, Geórgia, Noruega, Romênia, Áustria, Alemanha, Suíça, Dinamarca ou Macedônia do Norte são “importados” do território italiano, onde há cerca de 500 casos e 14 mortes foram registradas em decorrência da doença.

Muitos países europeus reforçaram as medidas de prevenção e aconselham seus cidadãos a não visitarem as regiões italianas afetadas. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, pediu aos turistas estrangeiros que não deixem de visitar o país, que colocou em quarentena 11 províncias do norte.


“Se agirmos agora, sem demora, podemos parar esse coronavírus. Meu conselho é agir rapidamente”
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS




Resfriado, papa descansa


O papa Francisco quase nunca cancela um compromisso. Sobretudo, missas. Por isso, causou preocupação o fato de o pontífice ter desistido, ontem, de participar da missa na Basílica de São João de Latrão de Roma. “Devido a uma leve indisposição, preferiu ficar perto da residência Santa Marta onde vive no Vaticano”, assegurou o diretor de comunicação da Santa Sé, Matteo Bruni, em comunicado. Na véspera, Francisco, 83 anos, apareceu resfriado, com tosse, na audiência geral organizada ao ar livre na Praça São Pedro (foto). Ele apertou as mãos de dezenas de fiéis e manifestou seus pensamentos aos doentes com coronavírus em todo o mundo. À tarde, participou da tradicional procissão da quarta-feira de cinzas na Basílica de Santa Sabina em Roma e cumpriu o rito da cruz de cinzas, gesto que marca o início da quaresma.





Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags