A desaceleração da demanda, causada pela propagação da epidemia do novo coronavírus, está levando muitas companhias aéreas europeias a reduzir horários de voo e aplicar medidas de economia.
Um mês depois da suspensão de grande parte dos voos de longa distância com destino à China continental, onde a epidemia se originou, preocupa o número de casos registrados no norte da Itália (655 pessoas afetadas pelo COVID-19 nesta sexta-feira) e o restante da Europa.
Assim, a companhia aérea britânica EasyJet anunciou que já está cancelando voos e planeja anular cerca de 500 entre 13 e 31 de março, a maioria tendo a Itália como origem e destino.
"Estes aproximadamente 500 voos representam 11% do volume de voos para e da Itália para o mês de março e um pequeno percentual" do número de voos totais da companhia, informou um porta-voz do grupo à AFP.
Também o International Airlines Group, proprietário, entre outras, de Iberia e British Airways, anunciou ter cancelado seus voos a Milão e reduzirá seus serviços à Itália nos próximos dias.
A British Airways opera dez voos diários a Milão a partir de Londres.
A Air France, por sua vez, está fazendo um "sutil ajuste no horário" de alguns voos para Milão, Bolonha e Veneza "reagrupados", disse um representante da companhia à AFP.
Um dos cinco voos diários entre Paris e Veneza, por exemplo, foi cancelado e os passageiros foram transferidos a outros aviões. No entanto, "não há nenhuma outra decisão" para além deste fim de semana, informou a fonte.
A Brussels Airlines, por sua vez, reduzirá em 30% seus voos a Milão, Roma, Veneza e Bolonha nas próximas duas semanas (2-14 de março). A companhia aérea belga "observa uma tendência geral negativa nas reservas em quase todos os mercados europeus, mas o norte da Itália é o mais afetado", segundo um comunicado.
E a companhia húngara de baixo custo Wizz Air, que tem uma forte presença na Polônia, está reduzindo em cerca de 60% seus voos para a Itália a partir de Varsóvia e outras cinco cidades polonesas "em vista da diminuição do interesse para este destino".
- Risco da temporada de verão -
O impacto da epidemia no tráfego aéreo europeu está levando as companhias aéreas, cujas ações foram duramente afetadas nos mercados financeiros, a aplicar medidas de redução de custos.
Assim, nesta sexta, a Easyjet anunciou o congelamento das contratações, dos salários e das promoções, uma redução dos gastos administrativos e uma "oferta de dispensas não remuneradas" a seus funcionários.
O diretor-geral da IAG, Willie Walsh, também anunciou medidas de economia que não detalhou e parou de emitir prognósticos dos resultados financeiros para 2020 por causa da epidemia.
A direção da Finnair Topi Manner advertiu, por sua vez, que o resultado operacional da companhia em 2020 será "significativamente menor" do que o do ano anterior. Embora neste momento o impacto seja "limitado", "vemos um efeito negativo na demanda", admitiu em um comunicado.
"É difícil prever como a situação se desenvolverá nos próximos meses", ressaltou.
Ao destacar o impacto "muito significativo" da epidemia nas receitas da KLM, o diretor financeiro da companhia holandesa, Erik Swelheim, pediu a seus funcionários que "reduzam os custos ao mínimo para garantir a segurança das operações" e anunciou uma série de medidas de economia em uma carta à qual a AFP teve acesso.
O outro pilar do grupo, a Air France, fez o mesmo. A Air France-KLM estimou a perda de receitas com a suspensão dos voos para a China de fevereiro a abril entre 150 e 200 milhões de euros.
A alemã Lufthansa também anunciou nesta quarta-feira um congelamento nas contratações e propostas de licenças não remuneradas para seus funcionários.
Agora há o risco de o coronavírus ameaçar a crucial temporada de verão, quando as companhias aéreas na Europa lotam seus aviões com veranistas em busca do sol.
"A temporada de verão na Europa poderia desaparecer se a situação se deteriorar na Itália e vemos, por exemplo, um aumento dos casos na França. Já estamos vendo que as empresas estão restringindo as viagens de negócios para proteger seus funcionários", afirma Neil Wilson, analista da Markets.com.