Correio Braziliense
postado em 29/02/2020 04:06
Apesar de a Carolina do Sul realizar primárias democratas consideradas cruciais para a sobrevivência política do ex-vice-presidente Joe Biden, as atenções de ontem se voltaram para pesquisas sobre a Super Terça que confirmam o favoritismo do senador Bernie Sanders nos dois principais estados em disputa no próximo dia 3. Uma sondagem da CNN-SSRS indica que o veterano de 78 anos terá 21 pontos de vantagem sobre a segunda colocada, a também senadora Elizabeth Warren, na Califórnia: 35% dos votos contra 14%. Joe Biden aparece com 13%, seguido do ex-prefeito de Nova York e bilionário Michael Bloomberg, com 12%. Em relação à última pesquisa, em dezembro, Biden caiu 8 pontos percentuais na preferência do eleitorado californiano, enquanto Bloomberg teve um aumento de 7 pontos. Ao todo, 415 delegados estarão em disputa na Califórnia.
No Texas, o segundo estado mais importante nas primárias da Super Terça, Sanders aparece com 29% de apoio dos eleitores democratas contra 20% para Biden. Bloomberg (18%) e Warren (15%) surgem em seguida. Segundo o site The Hill, Sanders se beneficia do grande apoio entre os latinos, responsáveis pela vitória dele no caucus de Nevada, uma semana atrás. O senador tem o suporte de 50% dos latinos na Califórnia e de 36% no Texas, revelou a mesma pesquisa.
As primárias de hoje na Carolina do Sul, estado com um passado ligado à escravidão até o começo do século 19, contam com um pré-candidato quase desconhecido que tem alavancado popularidade graças a uma promessa pouco comum: a de indenizar os descendentes dos africanos levados como escravos para os Estados Unidos. O bilionário Tom Steyer, ex-investidor da Califórnia que se transformou em filantropo e ativista ambiental, gastou milhões de dólares apenas na Carolina do Sul. A maioria dos recursos foi empregada em anúncios que inundam a televisão. Além da compensação aos descendentes de escravos, ele anunciou que lutará contra a mudança climática e financiará universidades de comunidades negras historicamente marginalizadas.
Esta semana, Steyer divulgou um vídeo, cujas imagens exibem os horrores da tortura sofrida pelos escravos, enquanto o narrador diz: “Durante 400 anos, este país construiu um sistema racista que se beneficiou das costas de corpos negros presos; é hora de reparar”. O resultado é que esse progressista desconhecido no restante do país é um dos candidatos líderes nas pesquisas na Carolina do Sul, atrás de Biden e de Sanders.
Ataque
Em uma manobra para tirar o foco sobre Steyer, Bernie Sanders atacou o presidente norte-americano, Donald Trump, e defendeu acesso universal à saúde. “A habilidade de ver um médico quando você está doente não deveria ser um luxo para aqueles que podem pagar por isso. Deveria ser um direito garantido para todos”, tuitou ontem.
Segundo o senador, “é patético e inaceitável que, enquanto relatos de infecções do coronavírus continuam a crescer e as preocupações sobre a economia aumentam, Donald Trump está voando por aí, (…) viajando para a Carolina do Sul, na tentativa de atrapalhar as primárias democratas”. “Trump se mostra um presidente mesquinho, vingativo e facilmente distraído. Precisamos de uma liderança melhor — alguém que entenda a enorme responsabilidade que exige um cargo público em tempos de crise. Derrotaremos Trump e reordenaremos as prioridades de nossa nação”, acrescentou Sanders em seu perfil na rede social.
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