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Turquia confirma ofensiva na Síria; dois aviões do regime sírio abatidos

A Turquia multiplicou os ataques com drones contra posições do regime sírio, mas é a primeira vez que anuncia oficialmente uma operação mais ampla

Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 15:44

 Imagem tirada de vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa turco mostra ataque aéreo dos militares turcos em posições do regime sírio.A Turquia confirmou, neste domingo (1º/3), o lançamento de uma grande ofensiva militar contra o regime sírio, que teve dois de seus aviões abatidos, enquanto mantém a pressão sobre a Europa, deixando milhares de migrantes passarem para a Grécia.

Após semanas de escalada na região de Idlib, no noroeste da Síria, Ancara anunciou a operação "Escudo da Primavera" contra o regime de Bashar al-Assad, que sofreu pesadas perdas nos ataques turcos nos últimos dias.

 

Sinal da intensificação dos combates, dois aviões de regime sírio e um drone turco foram abatidos em Idlib neste domingo, informaram Ancara e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

 

Em busca de apoio ocidental, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan abriu as portas da Europa aos migrantes que, aos milhares, continuavam a se dirigir à fronteira grega.

 

À medida que a situação na Síria se complica, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, enfatizou que Ancara não busca um confronto com Moscou, poderoso aliado do regime sírio.

 

O objetivo da ofensiva turca, segundo ele, é "acabar com os massacres do regime e impedir uma onda migratória".

 

A Turquia multiplicou desde sábado os ataques com drones contra posições do regime sírio, mas é a primeira vez que anuncia oficialmente uma operação mais ampla.

 

Tensões russo-turcas

A operação foi lançada na quinta-feira após a morte de 33 soldados turcos em ataques aéreos atribuídos ao regime, as maiores perdas sofridas por Ancara desde o início de sua intervenção na Síria em 2016.

 

Na sexta e no sábado, quase 90 soldados e combatentes de grupos aliados a Damasco foram mortos em ataques turcos, segundo o OSDH.

 

Nesse clima volátil, o exército sírio alertou neste domingo que abateria qualquer aeronave "inimiga" na região de Idlib.

 

Com o apoio da força aérea russa, o regime sírio conduz desde dezembro uma ofensiva para retomar a região, a última fortaleza rebelde e jihadista na Síria.

 

Tensão entre Rússia e Turquia

Essa ofensiva causou atrito entre Ancara e Moscou. Embora a Turquia apoie certos grupos rebeldes e a Rússia apoie o regime, os dois países vêm fortalecendo sua cooperação nos últimos anos.

 

No sábado, o presidente Erdogan pediu ao russo Vladimir Putin que "saia do caminho" da Turquia na Síria e garantiu que o regime de Damasco "pagará o preço" por seus ataques.

 

Neste domingo, a situação pareceu se acalmar quando o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que os presidentes russo e turco poderão se encontrar na quinta ou na sexta-feira. 

 

"Sem dúvida será uma reunião complicada, mas ambos os chefes de Estado concordam com a necessidade de acertar a situação em Idlib", disse Peskov.

 

Nesse contexto de tensões, o editor e três colaboradores na Turquia do veículo de comunicação russo Sputnik, financiado pelo Kremlin, foram detidos pelas autoridades turcas e liberados nesse domingo após conversa no telefone entre os chanceleres de Moscou e Ancara.

 

O editor-chefe do Sputnik Turquia, Mahir Boztepe, "foi libertado depois de comparecer na sede da polícia de Istambul", afirmou a agência russa em seu site. 

 

A agência de imprensa estatal turca Anadolu informou que Boztepe foi preso no contexto de uma investigação por "insultar a nação turca e o Estado turco" e "violação da unidade do Estado e da integridade do país".

 

A escalada em Idlib suscita temores da comunidade internacional, em vista de uma situação humanitária catastrófica.

 

Com a entrada de refugiados pelas fronteiras de Grécia e Bulgária, a União Europeia convocou uma reunião de emergência de ministros das Relações Exteriores, segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

 

Desde dezembro, quase um milhão de pessoas foram deslocadas nessa região, um êxodo de escala sem precedentes em tão pouco tempo desde o início, em 2011, da guerra que já matou mais de 380 mil pessoas. 

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