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Casos voltam a subir na China

Número de novos infectados aumentou para 573, no domingo, depois de 427 registros no dia anterior, mas quantidade de mortes caiu de 47 para 35. Covid-19 já atingiu mais de 87 mil pessoas em 64 países, com quase 3 mil óbitos. O contágio faz temer uma crise econômica em escala planetária

Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 04:05
Número de novos infectados aumentou para 573, no domingo, depois de 427 registros no dia anterior, mas quantidade de mortes caiu de 47 para 35. Covid-19 já atingiu mais de 87 mil pessoas em 64 países, com quase 3 mil óbitos. O contágio faz temer uma crise econômica em escala planetária
Novo aumento no número de infecções na China e primeiras mortes confirmadas nos Estados Unidos e na Austrália: o coronavírus continua se espalhando pelo mundo. A epidemia está se aproximando dos 2.996 mortos para mais de 87 mil casos em 64 países — incluindo quase 80 mil casos e 2.870 mortes na China, onde a atividade econômica está em grande parte paralisada desde o fim de janeiro em razão das medidas anticontágio.
 
Fora da província de Hubei, epicentro da epidemia, uma certa volta à normalidade já é percebida no país, em particular, com o reaparecimento de engarrafamentos em Pequim durante o horário de pico. 
 
A comissão nacional (ministério) da Saúde anunciou, ontem, um balanço diário de 573 novos casos de infecção, o valor mais elevado em uma semana. Continua, porém, distante dos números anunciados durante a primeira quinzena de fevereiro, quando levantamento mostrou que novos casos excediam facilmente mil a cada dia. O número de mortos, no entanto, caiu para 35, contra 47 anunciados no sábado.
 
A epidemia parece estar confinada a Hubei: quase todas as mortes anunciadas ontem, menos uma, foram registradas na província, assim como todos os novos casos de infecção, exceto três. Embora o contágio tenha diminuído na China graças às medidas de quarentena impostas a mais de 50 milhões de pessoas, outros países estão se tornando fontes de disseminação do Covid-19, principalmente Coreia do Sul, Itália e Irã.
 
O contágio faz temer uma crise econômica em escala planetária. As bolsas de valores dos países do Golfo, abertas de domingo a quinta-feira, despencaram ontem, como aconteceu com os demais mercados mundiais na semana passada, que registraram sua pior queda desde a crise financeira de 2008.

Solo americano
Os Estados Unidos anunciaram, no sábado, a primeira morte em seu território, assim como a Austrália, ontem, que relatou o óbito de um ex-passageiro do cruzeiro Diamond Princess, que permaneceu em quarentena no Japão. O presidente americano, Donald Trump, pediu à imprensa que “não incentive o pânico”.
 
Além dessa primeira morte — uma mulher de 50 anos, moradora do estado de Washington —, 21 casos foram registrados nos Estados Unidos, aos quais se somam 47 pacientes repatriados para o país. Vários pacientes diagnosticados nos últimos dias não tinham ligação conhecida com um surto, sugerindo que a doença está se espalhando em solo americano.
 
Na Europa, a França, o segundo foco epidêmico no continente, cancelou todos os “eventos reunindo mais de 5 mil pessoas” em ambiente fechado, como o último dia do Salão de Agricultura em Paris. O Louvre, o museu mais visitado do mundo, ficou fechado ontem, depois que funcionários evocaram o direito de interromper o trabalho devido à epidemia de coronavírus.
 
A vizinha Itália, que ultrapassou mil casos de contaminação, incluindo 29 mortos, também adotou medidas drásticas, como o fechamento das escolas em três regiões, o cancelamento de eventos esportivos e culturais, inclusive o adiamento de cinco partidas do campeonato nacional da Série A, e quarentena por uma semana em 11 municípios do Norte, o pulmão econômico do país.
 
A Hungria, por sua vez, anunciou, ontem, que bloqueou o acesso a seus “campos de trânsito” fronteiriços aos solicitantes de refúgio, devido aos riscos de propagação do coronavírus, em um momento em que migrantes tentam chegar à União Europeia pela Turquia.

Contestação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o nível de ameaça para “muito alto” e instou todos os países ainda poupados a se prepararem para a chegada da doença. 
 
A Coreia do Sul, o segundo país mais afetado depois da China, registrou, ontem, 586 casos adicionais, totalizando 3.736, com 18 mortes. O número de novas infecções diminuiu em comparação a sábado, quando foi anunciado o recorde de 813 casos. Há, porém, um sinal preocupante: houve um caso de reinfecção. Uma mulher, de 73 anos, testou positivo para o vírus depois de ter se curado do primeiro contágio.
O Irã, por sua vez, anunciou, ontem, a morte de mais 11 pessoas infectadas pelo coronavírus, elevando o número de óbitos no país a 54. Além disso, foram reportados 385 novos casos, totalizando 978. O serviço farsi da rede BBC, citando fontes hospitalares, disse que pelo menos 210 pessoas morreram no Irã, número negado pelas autoridades.
 
Papa Francisco cancela retiro por causa “de um resfriado” 
O papa Francisco anunciou, ontem, que não participará de um retiro espiritual de seis dias com a Cúria em Ariccia, ao sul de Roma. “Infelizmente, um resfriado me obriga a não participar este ano” do retiro da Quaresma, declarou o religioso, de 83 anos, após a oração do Angelus, oficiada na Praça de São Pedro, pela janela do palácio apostólico. Durante a cerimônia, ele teve dois acessos de tosse. “Não há evidências que nos levem a diagnosticar nada além de uma leve indisposição”, ressaltou, por sua vez, o porta-voz do Vaticano, quando questionado pela imprensa, em plena epidemia do novo coronavírus. 

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