Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 09:18
Os israelenses comparecem às urnas nesta segunda-feira para as terceiras eleições legislativas em menos de um ano, que podem acabar com a crise política e selar o direito do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, processado por corrupção.
Após as eleições de abril e setembro de 2019, nas quais o Likud (direita) de Netanyahu e o Kahol Lavan (Azul Branco, centro) de Benny Gantz ficaram empatados, mais de seis eleitores estão registrados para votar novamente.
"É hora de estarmos mais unidos... Espero que hoje seja o dia de mudar o disco, acabar com a difamação e acabar com as mentiras", declarou Gantz, 60 anos, depois de votar na cidade de Rosh Haayin.(centro), em uma aparente crítica à campanha de Netanyahu.
Desde as últimas eleições o país registrou uma mudança importante: a acusação contra Netanyahu (70 anos), que se tornou em novembro o primeiro chefe de Governo na história de Israel a ser indiciado, concretamente por corrupção, fraude e abuso de confiança.
As acusações contra Netanyahu, que joga seu futuro a apenas duas semanas do início do julgamento, em 17 de março, não provocaram uma perda de apoio ao Likud, segundo as pesquisas, que apontam uma batalha eleitoral acirrada com Gantz, ex-comandante do Estado-Maior.
Os locais de votação abriram as portas às 7H00 (2H00 de Brasília) e devem permanecer assim até 22H00 (17H00 de Brasília). Os resultados parciais serão anunciados ao longo da noite.
De acordo com as pesquisas mais recentes, nem o Likud nem o "Azul Branco" conquistarão mais de 30 cadeiras das 120 no Parlamento, o que significa que os resultados dos partidos aliados serão cruciais. A grande incógnita continua sendo o índice de participação.
Netanyahu tem o apoio dos partidos judaicos ultraortodoxos Shas, que capta boa parte dos votos sefardis (judeus orientais), Judaísmo Unido da Torá, dirigido principalmente aos ortodoxos ashkenazis (do leste da Europa) e da lista Yamina (direita radical), do atual ministro da Defesa Naftali Bennett.
O "Azul Branco" tem o apoio dos partidos de esquerda que se uniram em apenas uma lista e poderia, talvez, receber o respaldo pontual da "Lista Unida" dos partidos árabes israelenses, que surpreenderam em setembro com o terceiro lugar, uma façanha eleitoral que pretendem superar agora.
A "Lista Unida" tenta colher os frutos da frustração entre a minoria árabe israelense (20% da população) com o plano apresentado pelos Estados Unidos para solucionar o conflito israelense-palestino, um projeto aplaudido por Israel e rejeitado pelos palestinos.
Neste contexto, o partido Israel Beitenu, que não simpatiza com nenhum dos grandes blocos, pode ser o fiel da balança. Seu líder Avigdor Lieberman é um nacionalista laico hostil aos partidos árabes e judeus ortodoxos.
O plano do presidente Donald Trump prevê a conversão de Jerusalém na capital "indivisível" de Israel e a transferência do controle de uma dezena de vilarejos e localidades árabes israelenses a um futuro Estado palestino.
Netanyahu centrou a campanha no plano de Trump, prometendo a rápida anexação do vale do Jordão e de colônias israelenses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel em 1967, como contempla o projeto americano.
Gantz, que também apoio o projeto americano, baseou a campanha nos problemas judiciais do primeiro-ministro, que já governou o país durante 14 anos, os 10 últimos sem interrupção.
"Não merecemos outra campanha suja e deplorável como a que termina hoje e não merecemos esta instabilidade sem fim. Merecemos um governo a serviço da população", declarou o presidente israelense, Reuven Rivlin.
Medo do coronavírus
Outra incógnita no panorama eleitoral é o medo do novo coronavírus. Israel registrou 10 casos da doença e os partidos temem que a difusão de "notícias falsas" sobre a epidemia afete a participação.
"Votem. O assunto do coronavírus está completamente sob controle. As pessoas podem votar com total confiança", declarou Netanyahu depois de depositar seu voto em Jerusalém.
As autoridades pediram a 5.600 israelenses que estiveram em contato com pessoas infectadas ou que viajaram para países afetados pela epidemia que permaneçam em casa. Estes eleitores poderão votar em locais reservados para eles, de acordo com o ministério da Saúde.
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