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Londres e Bruxelas iniciam negociações sobre futura relação pós-Brexit

O negociador-chefe da UE, Michel Barnier, e seu colega do Reino Unido, David Frost, liderarão as negociações, que serão realizadas ao longo de várias rodadas semanais em Bruxelas e Londres

Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 12:12
O negociador britânico do Brexit, David Frost, chega para uma reunião com o chefe da Força-Tarefa para Relações da Comissão Europeia com a Grã-Bretanha Michel Barnier no edifício Berlaymont em Bruxelas.As negociações sobre o futuro relacionamento pós-Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) começaram nesta segunda-feira (02/3) em Bruxelas em um clima tenso e sob pressão do tempo, o que impõe prudência às possibilidades de se chegar a um acordo.

No início da tarde, o negociador europeu Michel Barnier se reuniu com seu colega britânico David Frost na sede da Comissão Europeia para discussões que devem levar a um acordo até o final do ano.

Depois da publicação, na semana passada, dos mandatos de negociação de Londres e Bruxelas, que já deixam transparecer suas linhas vermelhas e profundas diferenças, a questão que se coloca é se será possível chegar a um ponto de entendimento.

Se não houver acordo, as consequências econômicas serão importantes para o Reino Unido e para o continente após o final do período de transição em 31 de dezembro, após décadas de estreitas relações econômicas e comerciais.

O governo britânico de Boris Johnson definiu junho como o prazo final para um primeiro balanço das negociações e ameaçou encerrar as discussões a partir de então, se não houver avanços.

"Em qualquer negociação, sempre há um pouco de pose. Cada parte quer apresentar sua posição o mais forte possível", explica Fabien Zuleeg, do European Policy Center (EPC). 

Para uma fonte europeia, a posição de Johnson é "uma mensagem política destinada à opinião pública no caso de dar errado". "Mas seria irresponsável fechar a porta, quando se pode discutir até o final do ano", acrescentou. 

As negociações são organizadas em dez grupos temáticos (comércio, transporte, energia, condições de concorrência, pesca, cooperação judicial, etc.) e ocorrerão entre Londres e Bruxelas, alternadamente, a cada duas ou três semanas.

Dado o curto período de negociação, as discussões se concentrarão em três pontos: acordo de livre comércio e condições competitivas, solução de disputas e pesca.

A UE não está disposta a conceder acesso ao seu mercado a 440 milhões de consumidores a "qualquer preço".

O acesso dos britânicos a este mercado com condições de "cotas zero, tarifas zero", conforme proposto pela UE, estará condiciona ao respeito das normas europeias trabalhistas, ambientais, tributárias e de auxílio estatal, para evitar a concorrência desleal de seu ex-parceiro, que, porém, reitera sua recusa em se alinhar às regras europeias.

Os britânicos também rejeitam a ideia de o Tribunal de Justiça da UE desempenhar um papel na resolução de disputas, como querem os europeus. 

A pesca é outra questão delicada. A UE já alertou que, sem um acordo sobre este assunto, não haverá acordo comercial global. 

Uma fonte europeia considera possível um eventual acordo, se suas condições não aparecerem como um "diktat" europeu. "Existe apenas um plano A e não há plano B", uma vez que os britânicos rejeitam qualquer extensão das negociações, adverte.

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