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Talibã anuncia fim da trégua parcial no Afeganistão e registra 1° atentado

O ataque ocorre após nove dias de trégua parcial, período que houve redução da violência no Afeganistão

Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 13:39
O Taliban disse em 2 de março que retomaria operações ofensivas contra Forças de segurança afegãs, encerrando a trégua parcial que precedeu a assinatura de um acordo entre os insurgentes e Washington.Os talibãs anunciaram nesta segunda-feira (02/3) que encerraram a trégua parcial estabelecida em 22 de fevereiro e retomaram os ataques contra as forças de segurança afegãs, dois dias após a assinatura de um acordo histórico com os Estados Unidos.

Pouco tempo depois, a polícia afegã anunciou a morte de três pessoas na explosão de uma boma em um campo de futebol no leste do país.

"Uma moto-bomba explodiu durante uma partida de futebol no distrito de Nader Shah Kot esta tarde", disse Sayed Ahmad Babazai, chefe da polícia da província de Kohst.

Ele acrescentou que 11 pessoas ficaram feridas no ataque, que ainda não foi reivindicado.

As vítimas seriam três irmãos, segundo Abdul Fatah Wakman, presidente da federação de futebol de Khost. 

O ataque ocorre após nove dias de trégua parcial, em que o número de atentados diminuiu consideravelmente no Afeganistão, para grande satisfação da população, que finalmente conseguiu respirar após quatro décadas de conflito.

O período de redução da violência, que durou nove dias, “terminou e nossas operações voltarão à normalidade”, afirmou à AFP Zabihullah Mujahid, porta-voz dos insurgentes.

“Conforme o acordo (EUA-Talibã), nossos combatentes não atacarão as forças estrangeiras, mas nossas operações contra as forças do governo de Cabul continuarão”, acrescentou o porta-voz.

A comissão militar do movimento emitiu um documento, enviado à AFP por uma fonte do Talibã, pedindo aos combatentes que retomem as operações contra as forças afegãs.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, havia anunciado no domingo o prolongamento da trégua parcial pelo menos até o início das discussões entre o governo e os rebeldes afegãos, agendadas para 10 de março, com o objetivo de “alcançar um cessar-fogo completo”.

'Pré-requisito'
 
Mas ele também rejeitou um dos principais pontos do acordo assinado no sábado em Doha por Washington e pelos insurgentes, de cuja negociação não participou, a saber, a libertação de 5.000 prisioneiros do Talibã em troca de mil membros das forças afegãs detidos pelos insurgentes.

Essa medida é "um pré-requisito para as discussões inter-afegãs", lembrou Zabihullah Mujahid, ilustrando as dificuldades que virão para que Cabul e os insurgentes alcancem um acordo.

"A posição de Ghani mostra que os americanos não fizeram os preparativos necessários antes de assinar o acordo", reagiu uma outra fonte do Talibã no Paquistão.

Segundo o acordo de Doha, um eventual cessar-fogo, por outro lado, é apenas um "elemento" das discussões que estão por vir e não uma obrigação para que elas ocorram, como Ashraf Ghani deseja.

"Estamos verificando se (a trégua parcial) terminou. Mas ainda não fomos informados de nenhum grande ataque", havia reagido Fawad Aman, vice-porta-voz do ministério da Defesa.

Desde a assinatura do acordo, o Talibá tem comemorado publicamente uma "vitória" contra os Estados Unidos.

Sob o acordo de Doha, os americanos e seus aliados concordam em retirar todas as suas tropas do Afeganistão dentro de 14 meses se os insurgentes respeitarem os termos do texto, incluindo a abertura de discussões entre os insurgentes e Cabul, visando uma paz duradoura.

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