Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 04:06
Em relatório divulgado ontem, a Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) informou que os estoques de urânio enriquecido do Irã ultrapassaram cinco vezes o limite autorizado pelo acordo nuclear de 2015. Segundo seu diretor-geral, Rafael Mariano Grossi, o organismo está em alerta sobre o programa nuclear iraniano. Ele pediu informações a Teerã sobre uma área não notificada aos inspetores. “Estou soando o alarme”, disse.
“O Irã deve decidir cooperar mais claramente com a agência para fornecer os esclarecimentos necessários”, acrescentou, referindo-se à descoberta de “vestígios de urânio antropogênico” no Irã em novembro de 2019. A AIEA vem insistindo há vários meses que Teerã deve esclarecer a natureza das atividades que foram realizadas nesse local.
Segundo as constatações dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a quantidade acumulada por Teerã atingiu, em 19 de fevereiro, 1.510Kg de urânio enriquecido UF6 para um limite de 300Kg, estabelecido no acordo de Viena, assinado entre o Irã e as grandes potências.
O pacto, conhecido pela sigla JCPOA, está ameaçado desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018. Teerã, asfixiado por sanções, respondeu e, desde maio de 2019, vem se liberando de vários dos compromissos assumidos.
Indo contra as obrigações previstas neste pacto que visam limitar drasticamente suas atividades nucleares, o Irã também produz urânio enriquecido a uma taxa de 4,5%, acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo, segundo o relatório consultado pela agência de notícias France Presse.
Essa taxa ainda está muito longe do limite necessário para a fabricação de uma bomba atômica (mais de 90%). O documento denuncia ainda o fato de o Irã negar o acesso da AIEA a dois locais em janeiro.
Uma fonte diplomática afirmou à France Presse que tais atividades assinaladas poderiam ser referentes ao período anterior à assinatura do pacto.
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