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Forças americanas bombardeiam talibãs para defender forças afegãs

O ataque americano na província de Helmand (sul) aconteceu poucas horas depois de uma conversa telefônica entre o presidente dos EUA e o líder político dos insurgentes talibãs

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 18:18
O ataque americano na província de Helmand (sul) aconteceu poucas horas depois de uma conversa telefônica entre o presidente dos EUA e o líder político dos insurgentes talibãsCabul, Afeganistão - A aviação americana bombardeou nesta quarta-feira (4) um grupo de talibãs que atacava as forças de segurança afegãs, após uma ofensiva dos insurgentes que provoca dúvidas sobre o incipiente processo de paz no Afeganistão.

O ataque americano na província de Helmand (sul) aconteceu poucas horas depois de uma conversa telefônica entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder político dos insurgentes talibãs.

A conversa aconteceu quatro dias depois da assinatura, no sábado em Doha, de um acordo histórico dos talibãs com Washington sobre a retirada das forças estrangeiras do país.

No entanto, os insurgentes retomaram segunda-feira a ofensiva contra as forças de segurança afegãs - mas não contra as forças estrangeiras - encerrando uma trégua parcial de nove dias que levanta questões sobre as negociações entre o governo e os talibãs, programadas para começar em 10 de março.

Bombardeio defensivo


"As forças dos Estados Unidos executaram um bombardeio em Nahr-e Saraj, em Helmand, contra os combatentes talibãs que atacavam as forças de segurança afegãs. Foi um bombardeio defensivo", anunciou no Twitter o coronel Sonny Leggett, porta-voz das Forças Armadas americanas no Afeganistão.

"Pedimos aos talibãs que cessem os ataques e respeitem seus compromissos. Como demonstramos, defenderemos nossos aliados quando necessário", completou, em referência às forças governamentais afegãs.

Os ataques aconteceram poucas horas depois de uma conversa telefônica, de 35 minutos, entre o líder político dos insurgentes, mulá Barada, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A conversa foi "longa e boa", disse Trump. "Minha relação com o mulá é muito boa", acrescentou Trump. "Eles querem acabar com a violência", declarou.

Nesta quarta-feira, porém, o coronel Legget advertiu que "enquanto o governo afegão e os Estados Unidos cumprem seus compromissos, os talibãs tentam desperdiçar esta oportunidade e ignoram o desejo de paz do povo afegão".

A paz no Afeganistão será "um caminho longo e difícil", no qual haverá "decepções", disse à AFP o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Interesse comum


Segundo o acordo de Doha, que não foi ratificado pelo governo afegão, Estados Unidos e outras forças estrangeiras se comprometem com uma retirada completa do Afeganistão no prazo de 14 meses em troca, entre outras coisas, do início de um diálogo entre afegão incluindo o governo, a oposição, a sociedade civil e os próprios talibãs.

O acordo também inclui a troca de 5.000 prisioneiros talibãs por outras 1.000 em suas mãos, uma exigência apresentada pelos rebeldes, que o presidente Ashraf Ghani recusa antes mesmo de iniciar as negociações. 

Trump disse que os talibãs e Washington têm "um interesse comum" em acabar com a guerra. Mas o analista baseado em Cabul Atta Noori adverte que os americanos "falharam em convencer os talibãs - que se declaram vitoriosos - a se sentar e negociar com o governo afegão". 

Nas últimas 24 horas, os talibãs realizaram pelo menos 30 ataques em 15 das 34 províncias do Afeganistão, segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Nasrat Rahimi. Os insurgentes, que costumam exagerar nos números, disseram em seu site que mataram 35 membros das forças de segurança desde terça-feira à noite. 

O governo de Ghani enviou uma delegação na semana passada ao Catar para "iniciar contatos" com os insurgentes, mas o porta-voz dos talibãs, Suhail Shaheen disse na terça-feira que eles só se encontrarão com representantes de Cabul para discutir a troca de prisioneiros.

Desde que foram expulsos do poder por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, os talibãs travam um confronto de guerrilha no país. Entre 32.000 e 60.000 civis afegãos morreram no conflito, segundo a ONU, além de 1.900 militares americanos.

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