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Americanos atacam talibãs

Aviação dos Estados Unidos bombardeia, em ação classificada como defensiva, um grupo de insurgentes que atacava forças de segurança do governo. Washington pede que extremistas cumpram compromissos de cessar-fogo

Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 04:17
Militares afegãos de guarda em posto do Exército na província de Kunduz: 30 ataques em 24 horas

O pacto celebrado entre Washington e o Talibã mal completou quatro dias e, ontem, a aviação norte-americana bombardeou um grupo de extremistas que atacava forças de segurança afegãs na província de Helmand, gerando mais dúvidas sobre o incipiente processo de paz no país. A ofensiva dos Estados Unidos aconteceu poucas horas depois de uma conversa telefônica entre o presidente Donald Trump e o líder político dos insurgentes talibãs, mulá Baradar.

“As forças dos Estados Unidos executaram um bombardeio em Nahr-e Saraj, em Helmand, contra os combatentes talibãs que atacavam as forças de segurança afegãs. Foi um bombardeio defensivo”, anunciou, no Twitter, o coronel Sonny Leggett, porta-voz das Forças Armadas norte-americanas no Afeganistão. “Pedimos aos talibãs que cessem os ataques e respeitem seus compromissos. Como demonstramos, defenderemos nossos aliados quando necessário”, completou.

Na véspera, após conversar por 35 minutos com Baradar, por telefone, Donald Trump comemorou o que considerou avanços. “Minha relação com o mulá é muito boa. Eles querem acabar com a violência”, declarou o chefe da Casa Branca. Naquele momento, porém, o grupo extremista havia retomado ataques contra forças afegãs, a despeito da previsão de um diálogo de paz.

Ontem, o coronel Sonny Legget adotou um tom mais severo ao falar sobre os insurgentes. “Enquanto o governo afegão e os Estados Unidos cumprem seus compromissos, os talibãs tentam desperdiçar essa oportunidade e ignoram o desejo de paz do povo afegão”, observou. Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, o processo de pacificação do país será “longo e difícil”, com “decepções” no caminho.

Segundo o acordo celebrado em Doha, que não foi ratificado pelo governo afegão, Estados Unidos e outras forças estrangeiras se comprometem com uma retirada completa do Afeganistão no prazo de 14 meses. Em troca, entre outras medidas, seria iniciado um diálogo entre o grupo extremista e o governo afegão.

O acordo também inclui a troca de 5 mil prisioneiros talibãs por outras mil em suas mãos, uma exigência apresentada pelos rebeldes, que se mostra um entrave, desde já, nas eventuais negociações de paz. Isso porque o presidente afegão, Ashraf Ghani, recusa esse ponto antes mesmo de iniciar as negociações.

Na segunda-feira, os insurgentes romperam unilateralmente uma trégua no país. Em 24 horas, eles realizaram pelo menos 30 ataques em 15 das 34 províncias do Afeganistão, segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Nasrat Rahimi.




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