Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 04:17
O segundo artigo publicado ontem na revista Science Translational Medicine foi produzido por pesquisadores do City of Hope, um centro de tratamento oncológico na Califórnia, e descreve a primeira terapia gênica com células CAR-T (células-T, componentes naturais do sistema imunológico, modificadas e reinseridas no organismo) para glioblastoma. Não existe tratamento medicamentoso específico para esse tipo de tumor, que se espalha rapidamente pelo cérebro, impedindo a remoção cirúrgica completa. As células CAR-T têm se mostrado promissoras para alguns tipos de câncer, especialmente os hematológicos.
Os cientistas usaram clorotoxina (CLTX), um componente do veneno do letal escorpião amarelo da Palestina (Leiurus quinquestriatu) para direcionar as células-T até as células tumorais. Embora os testes tenham sido realizados em animais, a instituição abriu o primeiro ensaio clínico (em humanos) para usar a terapia.
No estudo, os pesquisadores usaram células tumorais retiradas de amostras de pacientes com glioblastoma para comparar o grau de ligação da substância do veneno às CAR-T a outros antígenos considerados promissores para esse tipo de imunoterapia. Eles descobriram que a CLTX era a mais eficiente, inclusive para se associar às células-tronco do glioblastoma que, acredita-se, são responsáveis pela recorrência desse câncer.
Juntos, o veneno e as células-T modificadas reconheceram e mataram grandes populações de células do tumor, enquanto ignoravam as saudáveis, tanto no cérebro quanto em outros órgãos. A equipe demonstrou que as CAR-T direcionadas pela substância da peçonha são altamente eficazes para matar seletivamente células do glioblastoma humano. Além dos estudos com tecidos ressecados, os testes foram feitos em modelos animais. Não houve toxicidade fora do tumor.
“Assim como um escorpião usa componentes de toxinas de seu veneno para atacar e matar sua presa, estamos usando clorotoxina para direcionar as células-T para que ataquem as tumorais, com a vantagem de que as CLTX-CAR-T vigiam ativamente o cérebro à procura de alvos apropriados”, disse, em nota, Michael Barish, professor da City of Hope e presidente do Departamento de Biologia do Desenvolvimento e de Células-Tronco da instituição. (PO)
Antidepressivo evita recidiva
Um antidepressivo em uso há décadas pode se tornar uma ferramenta estratégica contra a recidiva do câncer de próstata. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul (USC) identificaram que a fenelzina interrompe a principal via de crescimento da doença. No estudo, 11 de 20 participantes tiveram queda de até 74% nos níveis de PSA após 12 semanas de tratamento. O PSA é um biomarcador para o câncer de próstata que circula no sangue. Espera-se que, depois de uma cirurgia para retirada do tumor, ele fique próximo a zero. No entanto, em cerca de um terço dos pacientes, o nível aumenta novamente, indicando que o câncer retornou. “Se nossas descobertas forem confirmadas, isso poderia fazer parte de um novo caminho que evitaria efeitos colaterais indesejáveis das terapias padrão”, diz Mitchell Gross, primeiro autor do estudo, divulgado ontem, na revista Prostate Cancer and Prostatic Diseases.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.