Correio Braziliense
postado em 06/03/2020 04:07
A disputa entre os democratas para a escolha do adversário de Donald Trump nas eleições de 3 de novembro ganhou nova configuração com a desistência, ontem, de Elizabeth Warren, senadora por Massachusetts. Após amargar, na Superterça, mais uma derrota nas primárias, a parlamentar, que chegou a liderar as pesquisas, disse que “a luta não acabou”, mas descartou endossar, por enquanto, qualquer um dos três pré-candidatos restantes. Nem mesmo o também progressista Bernie Sanders, senador por Vermont, que foi vencido pelo ex-vice-presidente Joe Biden na grande rodada e perdeu a liderança na briga pela indicação partidária.
“Hoje (ontem), suspenderei nossa campanha para presidente”, disse à imprensa a senadora progressista, de 70 anos, ao comunicar a decisão da equipe de campanha. Warren acumulou reveses. Ela não venceu nem uma das 20 votações da disputa democrata realizadas até agora e sofreu derrotas, particularmente humilhantes, em Massachusetts, estado que representa no Senado, e em Oklahoma, onde foi criada.
“Posso não estar na corrida para Presidência em 2020, mas essa luta, nossa luta, não acabou”, afirmou Warren, em frente a sua casa, em Cambridge, Massachusetts, no mesmo lugar onde lançou, em dezembro de 2018, a campanha. “Mas garanto que continuarei na luta pelo povo trabalhador em todo o país”, prometeu, ao lado do marido, Bruce Mann, e de seu famoso cão, Bailey. “Essa foi a luta de minha vida, e continuará sendo.”
A desistência de Warren foi a quarta entre pré-candidatos democratas desde o domingo. Assim, a disputa interna se transformou em um duelo direto entre Sanders, senador de Vermont, de 78 anos com ideias próximas à de Warren, porém mais radicais; e o moderado Biden, de 77, ganhador de 10 dos 14 estados em jogo na disputa eleitoral da Superterça.
Última mulher entre os principais potenciais adversários de Trump em novembro, Warren chegou a liderar algumas pesquisas no ano passado, mas nunca conseguiu formar uma ampla coalizão de apoio que se traduzisse em êxito nas urnas. A decisão da senadora de abandonar a corrida foi anunciada um dia depois da do bilionário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que desistiu após decepcionantes resultados na Superterça, que marcou sua estreia na disputa. Bloomberg anunciou o apoio a Biden.
Provocações
Fiel ao seu estilo, o presidente Donald Trump publicou um tuíte carregado de ironia sobre Warren e Bloomberg, o principal alvo de ataques da senadora nos recentes debates televisionados. “Elizabeth ‘Pocahontas’ Warren, que não ia a lugar nenhum, exceto contra Mini Mike, acabou de sair da primária Democrática... TRÊS DIAS TARDE DEMAIS”, escreveu o republicano.
Para ele, por “egoísmo”, a senadora insistiu em disputar a Superterça, reduzindo as chances de Sanders no embate com Biden. “Ela tirou do Bernie, o Louco, pelo menos, Massachusetts, Minnesota e Texas”, disse o presidente sobre os estados disputados na última rodada. “Provavelmente, tirou a indicação (de Sanders)! Ele ficou em terceiro lugar em Massachusetts”, acrescentou o líder republicano.
Com a saída de Warren, a única mulher que restou na disputa é a representante pelo Havaí Tulsi Gabbard, de 38 anos, em último lugar e sem qualquer chance de deslanchar.
A liderança da corrida democrata foi assumida por Biden, numa reviravolta espetacular, após vitórias cruciais na Superterça e o apoio de quatro ex-rivais: além de Bloomberg, Pete Buttigieg, Amy Klobuchar, que renunciaram na segunda-feira, e Beto O’Rourke, que já tinha deixado a corrida em novembro.
Tempo
Sanders, que iniciou com força as internas partidárias e deve vencer na populosa Califórnia, não reagiu imediatamente. Mas na quarta-feira disse, em entrevista coletiva, que havia conversado com Warren. Entretanto, essa conversa ainda parece estar longe de se traduzir em um apoio.
“Hoje, não”, disse Warren quando questionada se estava pronta para endossar o senador ou ex-vice de Barack Obama. “Respiramos fundo e vamos dar um pouco de tempo para isso. Não temos que decidir neste momento”, acrescentou.
Sanders elogiou Warren pela campanha “extraordinária” em defesa dos ricos pagando mais impostos, da educação universal, da cobertura de saúde, do combate às mudanças climáticas e dos direitos das mulheres. Ele também evitou cobrar o apoio da correligionária.
“Eu acho que é importante respeitar o tempo que ela precisa”, disse o senador de Vermont, que compete pela indicação presidencial democrata depois de perder em 2016 para Hillary Clinton.
“Não serei candidata à Presidência em 2020. Mas garanto que continuarei na luta pelo povo trabalhador em todo o país. Essa foi a luta de minha vida, e continuará sendo”
Elizabeth Warren, senadora por Massachusetts
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