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Trump reúne munição à espera de Biden

Na briga pela reeleição, presidente americano ensaia, desde já, uma campanha agressiva para minar as chances do ex-vice-presidente, a quem se refere frequentemente como %u201Ccorrupto%u201D, atual favorito na corrida democrata que vai indicar o candidato de oposição

Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 04:14
Na briga pela reeleição, presidente americano ensaia, desde já, uma campanha agressiva para minar as chances do ex-vice-presidente, a quem se refere frequentemente como %u201Ccorrupto%u201D, atual favorito na corrida democrata que vai indicar o candidato de oposição



Os movimentos da política norte-americana dos últimos dias evidenciam o tom altamente polarizado e agressivo que deve dominar a campanha para as eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos. Com as primárias do Partido Democrata ainda no meio do caminho, o presidente Donald Trump não esconde a tática de terra arrasada que pretende lançar contra Joe Biden, que assumiu, nesta semana, a liderança da disputa para ser o candidato de oposição, após resultados exitosos na Superterça.

Ex-vice-presidente de Barack Obama, o moderado Biden superou, após uma recuperação espetacular, o progressista Bernie Sanders, graças a uma mensagem tranquilizadora que defende o retorno à calma e à “decência” nos EUA.

Chamado frequentemente por Trump de “corrupto”, Joe Biden também é alvo preferencial dos deboches do presidente, que o ironiza por suas gafes,  insinuando que o ex-senador de 77 anos é senil.

A reação de Trump à vitória do democrata nas primárias da Superterça deu uma ideia de como será o ritmo da campanha até novembro. Embora tenha parabenizado o ex-vice, no dia seguinte à decisiva rodada, por seu “incrível ressurgimento” na corrida pela Casa Branca, sugeriu que o democrata — apelidado por ele de Sleepy Joe (Joe, o dorminhoco) — se mantém de pé apenas porque tem ajuda.

Temor

E, durante o resto da semana, zombou de Biden publicamente por seus erros, afirmando que, se ele, Trump, os tivesse cometido, “seria o fim do caminho”. Apesar disso, todos os sinais dão a entender que Trump teme mais Biden do que Sanders, chamado por ele de O louco Bernie.

No cálculo do presidente, seria perfeito um confronto com Sanders, um político que passou a lua de mel na extinta União Soviética, que elogiou aspectos da Cuba comunista, define-se como “socialista democrático” e pretende revolucionar a economia americana.

Em cada discurso, o magnata republicano lança advertências aos norte-americanos sobre o “pesadelo socialista” que os espera, em caso de vitória de Sanders, senador por Vermont.

Na semana passada, em um comício, Donald Trump perguntou aos eleitores quem ele deveria enfrentar. A multidão gritou: “Sanders”. O presidente concordou: “Acho que Bernie é mais fácil de vencer”.

Joe Biden, embora carregue nas costas o peso das longas décadas que passou no Congresso, e até o fato de ser mais velho do que Trump, de 73 anos, parece assustar o chefe da Casa Branca por ser uma figura associada ao popular Barack Obama.

No ano passado, o republicano assumiu um grande risco ao tentar descobrir provas de que Joe Biden, quando era vice-presidente, usou influência política para conseguir um confortável trabalho na Ucrânia para o filho Hunter, quando era vice-presidente dos EUA.

Nunca encontrou provas de fato, apesar de ter pressionado o presidente ucraniano para que seu país investigasse Biden. Disso, resultou num julgamento político contra Trump no Congresso, do qual acabou absolvido, escapando de ser afastado por impeachment.

Ainda assim, ele espera tirar proveito da história da suposta corrupção de Biden, caso o democrata seja escolhido o candidato para brigar pela Casa Branca.

“Esse será um tema importante na campanha. Vou falar disso o tempo todo”, avisou o presidente, na quarta-feira, em entrevista a Sean Hannity, da Fox News. “Não vejo como poderão responder. (...) Foi um caso de corrupção puro”, comentou.

“(Biden) Sempre foi muito propenso a cometer gafes. Sempre foi, sempre esteve em apuros”, insistiu Trump na conversa com Hannity, em um tom de preocupação. “Mas nunca como agora. O que está acontecendo hoje é uma loucura”, completou, seguindo a estratégia de demolir o potencial adversário.

Para Lincoln Mitchell, professor de Ciência Política da Universidade de Columbia, de Nova York, Trump tem se apegado ao caso Ucrânia, mesmo sem provas, como uma estratégia para se contrapor a eventuais acusações contra si, partidas de Biden.

“A razão pela qual esse ataque funcionará um pouco para Trump é, primeiro, porque deve permitir um certo equilíbrio diante das acusações democratas contra Trump, por seu comportamento reconhecidamente corrupto”, disse Mitchell ao Correio. “Segundo, porque ajuda a criar uma imagem de Biden como um membro de Washington que já existe há muito tempo e que embaçou a linha entre política e negócios”, observou, acrescentando: “Não há muita evidência de que o próprio Biden tenha feito isso, mas essa verdade pode não ter importância para Trump em uma campanha presidencial. ”



Duplo atentado na Tunísia
Um policial morreu e outros cinco ficaram feridos, em um duplo atentado suicida, ontem, nas proximidades da embaixada dos Estados Unidos em Túnis. A explosão ocorreu antes do meio-dia (horário local), em frente à representação diplomática, situada em Berges du Lac, um bairro à cerca de 10km do centro da capital. O setor é protegido permanentemente por fortes barreiras de segurança. Segundo policiais que estavam no local, dois homens chegaram de moto e detonaram a carga explosiva ao se aproximar dos agentes que estavam em um cruzamento que leva à embaixada. Ouviu-se apenas uma explosão, num sinal de que um dos homens não conseguiu detonar a bomba que carregava.





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