Mundo

Triângulo latino

Correio Braziliense
postado em 08/03/2020 04:06
Doutor em história e professor adjunto do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ghünter Richter Mros destaca que, embora os países latinos sejam diferentes uns dos outros, compartilham uma estrutura política de fragilidade democrática semelhante. Ele a descreve como um triângulo, em que uma ponta é ocupada pela democracia institucional; outra, pelo personalismo autoritário, e, a última, pelo militarismo autoritário, com o regime institucional sempre em desvantagem.

“O autoritarismo é a antítese da democracia. É característica da América Latina ligar a imagem da democracia com a impessoalidade das instituições e o autoritarismo com o personalismo do poder. Aí deixa de fazer sentido a discussão ser direita ou esquerda. Nesse cenário, as instituições sempre tentam se fortalecer. Mas parece que há um desejo maior de fortalecimento das instituições por parte das oposições. Quem está no poder parece não ter interesse nesse fortalecimento”, pondera o especialista.

Ghünter destaca que, no caso da manifestação, as montagens nas redes sociais com ataques diretos a Rodrigo Maia e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), são justamente uma tentativa de personalizar as instituições para rebaixá-las. “Bolsonaro testa as instituições até o limite. E assim será o seu governo. Vai ser uma briga do tripé entre as instituições e o personalismo bolsonarista. O que enfraquece é que uma das frentes que enfrenta o bolsonarismo também é personalista, pró-Lula”, destaca.

“A banda toca assim em toda a região. Temos governos de esquerda e de direita, mas todos nutrem desse rechaço à instituição impessoal. As pessoas têm que pensar sobre a ameaça à liberdade. A democracia é institucional. Não pode ser pessoal. E é mais frágil por estar nesse tripé. Nos Estados Unidos, você tem a ameaça personalista com Trump, mas não existe o tripé. As Forças Armadas defendem a instituição máxima deles, que é a Constituição. Não temos esse costume”, completa o especialista. (LC e AF).





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