Correio Braziliense
postado em 09/03/2020 11:22
O ex-primeiro-ministro escocês Alex Salmond, grande defensor da independência do país e político que caiu em desgraça, sentou nesta segunda-feira no banco dos réus no início de um julgamento por supostas agressões sexuais contra 10 mulheres, incluindo duas tentativas de estupro.
Chefe do Governo autônomo escocês de 2007 a 2014, Salmond, de 65 anos, chegou à Alta Corte de Edimburgo no início da manhã e não fez declarações à imprensa.
O ex-líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP) se declarou inocente em uma audiência preliminar em novembro. Ele prometeu uma defesa vigorosa durante o julgamento, que deve demorar quatro semanas.
Após a escolha dos integrantes do júri (nove mulheres e seis homens), o processo começou com a leitura das acusações.
De acordo com as normas judiciais escocesas, as vítimas não podem identificadas pela imprensa.
Salmond, que levou a Escócia ao referendo de independência de 2014, no qual o "Não" foi vitorioso, enfrenta 14 acusações de agressão sexual e atentado ao pudor supostamente cometidas entre junho de 2008 e novembro de 2014.
Os atos vão de beijos e carícias forçadas até "tentativa de estupro", uma delas na residência oficial, Bute House, durante a campanha para o referendo de autodeterminação.
Segundo a acusação, na oportunidade Salmond beijou uma mulher à força antes de empurrá-la contra a parede, tentar arrancar as roupas da vítima e ficar nu. Depois, ele teria tentado violentá-la em uma cama.
Algo quase idêntico aconteceu no mesmo local em dezembro de 2013 com outra mulher, de acordo com as denúncias.
"Sou inocente de qualquer crime ou delito de qualquer tipo", declarou em um tribunal após a acusação em janeiro de 2019. Ele foi detido e liberado após o pagamento de fiança.
"Me defenderei até o fim nos tribunais", completou o ex-político, que também foi deputado no Parlamento britânico em Londres.
Poucos meses antes da apresentação das acusações, Salmond abandonou o SNP, partido que governa a Escócia, em agosto de 2018 para não prejudicar um grupo do qual foi integrante por muito tempo.
A atual primeira-ministra, Nicola Sturgeon, que o sucedeu no comando do governo escocês e na liderança do SNP, expressou "enorme tristeza" com a saída do "amigo e mentor de três décadas".
Mas Surgeon, que protagoniza uma nova campanha no processo de soberania ao tentar aproveitar a rejeição generalizada ao Brexit na Escócia, afirmou que as denúncias contra Salmond "não podem ser escondidas debaixo do tapete".
Após uma investigação interna, o governo escocês foi o responsável por informar a polícia sobre as acusações.
Salmond, ex-funcionário e economista do Bank Scotland, assumiu em 1990 a liderança do SNP, um partido muito heterogêneo que ele ajudou a reorientar.
Após uma derrota eleitoral, renunciou à liderança, antes de voltar ao cargo quatro anos depois.
Em 2011, sob seu comando, o partido conquistou a maioria absoluta no Parlamento autônomo escocês, o que gerou a esperança sobre a independência da Escócia.
A vitória do "Não" no referendo de setembro de 2014 levou Salmond a renunciar como primeiro-ministro.
Atualmente, Salmond apresenta um polêmico programa de entrevistas no canal de televisão RT, (antes Russia Today) financiado pelo Estado russo.
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