Correio Braziliense
postado em 10/03/2020 04:07
O ex-vice presidente dos Estados Unidos Joe Biden e o senador Bernie Sanders voltam a se enfrentar, hoje, em mais uma rodada de primárias democratas. As votações ocorrem em Michigan, polo industrial que teve um papel chave para as eleições em 2016, e em mais cinco estados, com um total de 352 delegados em jogo. O parlamentar por Vermont tem o desafio de recuperar a liderança na briga pela indicação do partido para enfrentar Donald Trump nas eleições de 3 de novembro, após ser ultrapassado por Biden na Superterça, na semana passada.
Além de Michigan, que vai eleger 125 delegados, os eleitores também vão às urnas nos estados de Idaho, Mississippi, Missouri, Dakota do Norte e Washington. Para garantir a candidatura, o postulante necessita de 1.991 delegados.
O ex-vice de Barack Obama chega ressuscitado e fortalecido a esta nova rodada da disputa interna democrata. Não apenas pela vitória obtida em 10 dos 14 estados disputados na Superterça, mas pelo apoio recebido de ex-candidatos e de outros nomes de peso do partido.
O moderado Biden e o senador progressista são os dois principais nomes que restaram nas primárias democratas, após uma série de desistências. O terceiro nome é da deputada Tulsi Gabbard, representante do estado do Havaí, que coleciona uma série de derrotas e cujas chances de recuperação são remotas.
Biden e Sanders passaram o fim de semana afiando os ataques pessoais, enquanto tentavam convencer o eleitorado sobre quem é a melhor opção antes da rodada de votações de hoje.
O ex-vice conseguiu uma recuperação espetacular, iniciada nas primárias da Carolina do Sul, em 29 de fevereiro, graças a uma mensagem tranquilizadora que defende o retorno à calma e à “decência” nos EUA. Um discurso visto por grande parte dos democratas como mais equilibrado e menos vulnerável aos ataques republicanos.
Desempenho decisivo
O momento é decisivo para Sanders na tentativa de reverter o cenário. Ele precisa repetir a performance de 2016, quando demonstrou força entre os eleitores brancos da classe trabalhadora. Assim, obteve uma impressionante vitória nas primárias democratas em Michigan, o que lhe deu forças para seguir até o fim da disputa partidária, quando acabou sendo ultrapassado por Hillary Clinton.
Porém, se o socialista de 78 anos não conseguir ganhar nesse estado do centro-oeste e apenas se aproximar de Biden, isso poderá acabar com as chances dele.
Michigan é um distrito eleitoral crucial. Em 2016, ajudou Trump a vencer as eleições presidenciais por seu triunfo em uma área tradicionalmente democrata, e com o apoio fundamental dos trabalhadores da indústria automobilística que estavam decepcionados com o governo de Obama.
Todos os seis estados da rodada de primárias de hoje são importantes, mas, para demonstrar que segue forte na corrida, Sanders precisa vencer em Michigan, onde Biden lidera a maioria das pesquisas.
Tanto que o socialista descartou os discursos de campanha programados para o Mississipi e Illinois, aumentando compromissos eleitorais em Michigan, incluindo uma manifestação no domingo na Universidade de Michingan, onde convidou os eleitores jovens a se posicionarem.
“Apoio o Bernie porque sinto que conseguirá muitos eleitores que Trump ganhou em 2016”, disse Alvin Hermans, estudante de informática, de 19 anos.
Por outro lado, a governadora do estado, a democrata Gretchen Whitmer, defende que Biden é o candidato que pode conquistar os trabalhadores, por causa da sua intervenção realizada em 2008, na qual buscou recuperar essa fragilizada indústria.
“Qualquer pessoa que esteja dentro ou se veja afetada por essa indústria, ou seja, todos neste estado, deve pensar até onde fomos e quem nos apoiou, principalmente durante a época da recuperação da indústria automotiva”, ressaltou Whitmer à agência de notícias France Presse, no último domingo, em Detroit. “Esses foram Barack Obama e Joe Biden”, acrescentou.
Nesse contexto, Sanders agora está buscando aumentar o apoio entre os sindicatos, como o United Auto Workers, cujos membros chegaram a um acordo com a General Motors no último ano, depois de uma paralisação decisiva ocasionada por motivos como os gastos médicos exorbitantes.
Tony Totty, 44 anos, membro desse sindicato, acredita que as propostas em relação ao cuidado médico levaram muitos colegas de trabalho a trocarem a escolha de Trump por Sanders. O fechamento de uma importante fábrica da GM, em 2019, também frustrou a promessa do presidente de gerar empregos na região.
“Em nossas fábricas, tenho muitos companheiros que se sentem traídos, e, no momento das eleições, suas vozes serão escutadas”, disse Totty, do estado de Ohio.
352
Total de delegados em disputa nas primárias de hoje, 125 deles, em Michigan
1.991
Mínimo necessário para que o postulante seja oficializado adversário de Donald Trump
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