Correio Braziliense
postado em 10/03/2020 04:07
Responsável por mais de 3.800 mortes e casos em 100 países e territórios, a Covid-19 está prestes a ser considerada uma pandemia, admitiu ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Agora que o coronavírus se espalhou para muitos países, a ameaça de uma pandemia se tornou muito real. Mas seria a primeira pandemia da história que poderia ser controlada”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência.
“Mesmo se a chamarmos de pandemia (…), não estamos à mercê do vírus porque as decisões que tomamos podem influenciar a trajetória da epidemia”, seguiu Tedros. “Devemos lembrar que, com uma ação rápida e decisiva, podemos retardar o coronavírus e prevenir novas infecções.”
O diretor da OMS reforçou ainda que a maioria dos infectados se recuperará, lembrando que “dos 80 mil casos relatados na China”, considerado o berço da epidemia, “mais 70% se recuperaram”. Desde o seu surgimento, em dezembro, o coronavírus infectou mais de 110 mil pessoas em praticamente todos os continentes, exceto a Antártica, e tem alterado a rotina e a economia de vários países.
“Ao contrário da gripe, podemos retardar, podemos desacelerar”, disse o responsável pelo Programa de Emergência da OMS, Michael Ryan, expressando sua esperança de que as medidas adotadas ontem na Itália funcionem e ajudem a conter a epidemia para que outros países possam se preparar melhor. “Não estou preocupado com a palavra ‘pandemia’, estou mais preocupado com a reação do mundo”, completou.
Ontem, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, pediu que sejam “evitados deslocamentos” no território, proibiu as concentrações de pessoas, suspendeu o campeonato de futebol e dispôs que centros educacionais permaneçam fechados até 3 de abril. Na mesma linha, a Espanha anunciou o fechamento das instituições de ensino na região de Madri e de outras duas cidades. A estimativa é de que mais de 15 mil pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus na Europa.
Trump minimiza
Os Estados Unidos, por sua vez, contabilizam 546 casos da doença. Pelo Twitter, porém, o presidente Donald Trump minimizou a situação, a despeito da preocupação da OMS. Ele escreveu que, em 2019, 37 mil americanos morreram de gripe comum, que mata “entre 27 mil e 70 mil por ano”. “A vida e a economia prosseguem. Neste momento há 546 casos confirmados de coronavírus, com 22 mortes. Pensem nisto”, tuitou. Também ontem, um cruzeiro com mais de 3.500 pessoas a bordo e ao menos 21 casos de coronavírus confirmados atracou em um porto da Califórnia para começar um processo de desembarque que levará de dois a três dias.
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