Correio Braziliense
postado em 11/03/2020 04:06
Relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, desde o fim de 2015, 4,9 milhões de pessoas abandonaram a Venezuela para fugir da crise política e econômica instalada no país. Ao apresentar o documento, a Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, lamentou a violência contínua contra a oposição.
Enquanto isso, em Caracas, a polícia usou a força para dispersar uma manifestação contra o regime de Nicolás Maduro, liderada por seu principal adversário, Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente do país. Apoiadores de Maduro também saíram às ruas.
“Registramos casos de buscas na sede de um partido político, ONGs e escritórios de meios de comunicação”, disse Bachelet. Ela destacou que, desde 5 de janeiro, as forças de segurança “dificultam” o acesso à Assembleia Nacional aos deputados da oposição.
Na marcha de ontem, a oposição pediu a realização de novas eleições. Quando tinham percorrido apenas poucos quarteirões, os manifestantes se depararam com uma barricada de agentes da polícia com equipamentos antimotins, que bloqueava a passagem por uma rua. Um blindado impedia o acesso a uma avenida ao lado.
“Este piquete não representa a Venezuela. Este piquete representa a ditadura”, gritou Guiadó às forças de segurança. Quando tentou dialogar com os policiais, eles atiraram bombas de gás lacrimogêneo e a multidão começou a se afastar rapidamente. Alguns jovens com o rosto coberto atiraram pedras e paus contra os efetivos.
“Vai chegar a hora, mais organizados, de chegarmos aonde temos que chegar”, disse, minutos depois, o líder da oposição, em uma praça próxima aos incidentes, descartando que a marcha tentasse continuar até o Palácio Federal Legislativo, no centro da cidade, ponto de destino que tinha fixado.
Guaidó, líder da unicameral Assembleia Nacional, prometeu apoiar todas as mobilizações de sindicatos de trabalhadores e estudantes. “Não se deve ter medo. Este povo não tem medo, não vai recuar. Este não é um país de escravos”, discursou. “Unificaremos todas as lutas contra a ditadura”, afirmou.
Pouco antes de os agentes dispararem bombas de gás lacrimogêneo, Guaidó chegou a pedir aplausos para os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro; da Colômbia, Iván Duque; e do Equador, Lenín Moreno, pelo apoio político que prestam a ele.
Como acontece com todo protesto da oposição, o chavismo realizou simultaneamente uma contramarcha. No centro de Caracas, reduto da situação, uma multidão majoritariamente vestida de vermelho repudiou Guaidó, chamando-o de “traidor”, por considerá-lo um instigador das sanções petroleiras que os EUA impuseram a já debilitada indústria petroleira venezuelana.
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