Correio Braziliense
postado em 11/03/2020 04:06
Com medidas para proteger os eleitores da ameaça do coronavírus, Michigan e outros cinco estados americanos sediaram ontem a sexta rodada de primárias entre pré-candidatos democratas para as eleições presidenciais de 3 de novembro. Segundo projeções da imprensa, o ex-vice-presidente Joe Biden deve eleger a maioria dos 352 delegados em disputa, uma semana após ter triunfado na Superterça e assumido a liderança geral das prévias, à frente do senador Bernie Sanders.
O ex-vice de Barack Obama vencia, segundo os primeiros prognósticos dos meios de comunicação americanos, no Missouri (68), no Mississipi (36) e em Michigan, considerado o grande prêmio da noite, por oferecer o maior número de delegados (125). As votações ocorreram também em Idaho (20), Dakota do Norte (14) e Washington (89).
Além do maior número de delegados, Michigan também ostenta o disputado status de swing state (estado pendular, ou independente, aquele sem um perfil eleitoral definido). Nas eleições presidenciais de 2016, foi o eleitorado de lá que escolheu Trump e que deu a Sanders a vitória sobre Hillary Clinton nas internas democratas. Na votação de ontem, porém, o senador foi vencido pelo ex-vice-presidente por uma margem estimada de 10 pontos.
Preferências
Segundo a mídia americana, Biden, 77 anos, representante da ala moderada do Partido Democrata, confirmou a preferência entre os eleitores negros e centristas, já verificada em votações anteriores. No Mississipi, por exemplo, sua campanha obteve 81% dos votos.
Antes do início da abertura das urnas, ele acumulava 628 delegados eleitos desde o início das prévias democratas. O progressista Sanders, 78 anos, senador por Vermont, tinha 545. Será o adversário de Donald Trump em novembro o pré-candidato que conseguir um total de 1.991 delegados. O nome será anunciado formalmente durante a próxima convenção nacional democrata, marcada para julho.
Antes mesmo das primárias de ontem, apelidadas de Miniterça, pesquisas sinalizavam que Biden consolidaria seu novo favoritismo. De acordo com média de pesquisas nacionais compiladas pelo site RealClearPolitics, ele tinha aberto 16 pontos de vantagem, alcançando 51,3% da preferência dos eleitores, contra 45,3% de Sanders.
Os dois veteranos da política americana são os principais concorrentes à indicação partidária. Em terceiro e último lugar na disputa democrata está a deputada Tulsi Gabbard, representante do estado do Havaí, que tem colecionado derrotas cujas chances de recuperação são cada vez mais inexistentes.
Após uma recuperação espetacular nas urnas, Biden chegou a essa nova rodada de prévias fortalecido por uma avalanche de apoios de antigos pré-candidatos. Ele defende uma plataforma tradicional, com reformas legislativas de centro, enquanto Sanders, de 78 anos, autodeclarado um “socialista democrata”, prega uma “revolução”.
Epidemia
Biden e Sanders cancelaram ontem os respectivos comícios, marcados para ontem, em Ohio, seguindo a orientação das autoridades, diante da epidemia do novo coronavírus. “De acordo com as diretrizes dos funcionários públicos e por precaução, nosso comício em Cleveland, Ohio, foi cancelado”, informou Kate Bedingfield, diretora de comunicação da campanha do moderado.
O diretor de comunicações de Sanders, Mike Casca, declarou que “devido a preocupações de saúde e segurança pública, cancelaremos a reunião desta noite em Cleveland”. “Respeitamos as advertências dos funcionários do estado de Ohio, que expressaram sua preocupação por organizar grandes eventos em espaços fechados durante a epidemia de coronavírus”, assinalou.
As primárias democratas nos Estados Unidos estão sendo fortemente atingidas pela epidemia do novo coronavírus, que já infectou quase 800 pessoas em todo o país e deixou 28 mortos.
O estado de Washington, que sofreu a pior parte dessa crise, realizou as votações somente por correio. Nos demais, os Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças assessoraram na limpeza das urnas e com outras medidas de precaução, como o uso máscaras por mesários.
Biden xinga operário
Durante uma acalorada discussão sobre controle de armas, o pré-candidato democrata à Casa Branca Joe Biden chamou um operário de uma fábrica de Detroit de “mentiroso de merda”. Compartilhadas por jornalistas, as imagens, viralizadas pelo rival Bernie Sanders e pelos partidários do presidente republicano Donald Trump, mostraram o político alterado, em uma fábrica da Fiat Chrysler em construção. No vídeo, ouve-se o homem acusando Biden de “tentar ativamente de reduzir nosso direito à Segunda Emenda e tirar nossas armas”. “Você é um mentiroso de merda. Apoio a Segunda Emenda”, retruca Biden.
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