Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 09:31
A Suprema Corte da Austrália adiou o veredicto sobre a apelação apresentada pelo cardeal George Pell contra sua condenação por pedofilia.
O ex-secretário de Economia do Vaticano, de 78 anos, que não compareceu aos dois dias de audiência, permanecerá na prisão até que a Suprema Corte anuncie uma decisão, que pode demorar vários meses.
Uma fonte da Suprema Corte declarou à AFP que, de modo geral, quando a decisão é adiada o tribunal demora entre três e seis meses para divulgar o veredicto.
Durante o segundo dia de audiências de apelação, o Ministério Público insistiu na "quantidade provas" que estabelece a culpa do cardeal australiano.
O advogado de Pell, Bret Walker, pediu a anulação da condenação e acusou a Promotoria de "tentativa inapropriada e exagerada de improviso para que as coisas se ajustem".
Pell foi condenado em março de 2019 a seis anos de prisão por violência sexual contra dois adolescentes em 1996 e 1997 na catedral de Melbourne, cidade em que era arcebispo.
Em agosto, a Suprema Corte do estado de Victoria rejeitou um recurso. O cardeal apresentou então uma nova apelação ao Tribunal Superior da Austrália, em Canberra.
O caso Pell, que representou a queda de um dos homens mais poderosos do Vaticano, divide profundamente a opinião pública australiana. Partidários e opositores estavam na porta do tribunal.
"Pell criminoso: ícone pedófilo", afirmava um cartaz. "Nós amamos o cardeal George Pell e as verdadeiras vítimas", destacava outra faixa, de simpatizantes do religioso.
De acordo com a imprensa local, a justiça apresentou acusações em Melbourne contra um homem que teria ameaçado o cardeal de morte e cometer um atentado.
O caso opõe um ex-coroinha, atualmente com mais de 30 anos e Pell, um homem que participou na eleição de dois pontífices, foi um dos conselheiros próximos do papa Francisco e chegou a colaborar na resposta da Igreja aos escândalos de pedofilia.
A segunda vítima do religioso morreu em 2014 de overdose, sem ter denunciado uma agressão.
O cardeal é o maior representante da Igreja Católica a ser condenado por estupro. Ele foi considerado culpado em primeira instância em dezembro de 2018 de cinco acusações, incluindo a imposição de sexo oral em dezembro de 1996 a um adolescente de 13 anos e por ter se masturbado enquanto tocava outro jovem.
Desde sua condenação, o cardeal deixou o cargo de secretário de Economia do Vaticano e perdeu o posto no conselho de nove cardeais (C9) responsável por ajudar o papa a reformar a cúria.
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