Correio Braziliense
postado em 14/03/2020 04:15
O avanço do coronavírus pelo mundo afora, com o reconhecimento oficial da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), coloca no dia a dia das relações internacionais o desafio. Lidar com uma emergência de saúde pública que, pelo alcance global, impõe como dado de realidade a interdependência. De outro, harmonizar toda resposta coordenada com as necessidades de cada país, representada pelo próprio governo.
É o enredo em cartaz na Europa, com alguns ingredientes acrescentados nas últimas horas. O Velho Continente arrebatou à Ásia — por sinal, ainda mais “velha” — o posto de epicentro da crise. A Itália luta contra a explosão dos casos a razão matemática exponencial.
Made in Brazil
No Brasil, o esforço de comunicar aos parceiros uma preocupação compatível com o tom da OMS motivou iniciativas do Itamaraty. Em linha com decreto sobre medidas de prevenção no Distrito Federal, foram adiados eventos culturais. O mesmo ocorreu com a visita programada do chanceler da Etiópia.
É a diplomacia nos tempos do coronavírus.
Made in USA
Sintomático, com o perdão do trocadilho, que a atitude do presidente Jair Bolsonaro em relação à emergência epidemiológica tenha mudado na volta da viagem aos EUA. Lá, o amigo do peito Donald Trump é criticado por supostamente minimizar a ameaça, inicialmente.
A comitiva brasileira desembarcou em Brasília e tomou o rumo dos testes para detectar possível inflamação. O resultado foi positivo para o chefe da Secom, Fábio Wajngarten.
Céu fechado
Na leitura dos europeus entusiastas da integração regional e do globalismo, a reação algo intempestiva de Trump ao salto da epidemia na Europa resume o espírito do lema vitorioso do presidente na campanha pela Casa Branca, em 2016: America First (América em primeiro lugar).
Com a proibição de voos do Velho Continente para o seu quinhão do Novo Mundo, Trump reafirma o desprezo ao multilateralismo. E desfaz da rival União Europeia, já que exclui da quarentena o Reino Unido, recém-separado do bloco europeu.
Acima de tudo
Coincidência ou não, dois anos depois de Trump, seria a vez de Bolsonaro se eleger proclamando “Brasil acima de tudo”. A fórmula ressoa não apenas com a do presidente dos EUA. Rima também com o tom dos populistas de extrema direita da Alemanha. Por sinal, o primeiro verso do hino embalado pelo führer Adolf Hitler diz: Alemanha acima de tudo.
O nome e a sigla da legenda em criação pelo presidente Jair Bolsonaro guardam alguma semelhança com a formação ultradireitista alemã: Alternativa para a Alemanha (AfD) e Aliança pelo Brasil (ApB).
Um por todos
Em guarda diante dos últimos dados sobre a evolução da crise sanitária na vizinhança, os governantes dos dois carros-chefes da UE afinam o tom. Emmanuel Macron reforçou, na França, todas as restrições aos fatores potenciais de contaminação, como os eventos públicos de todos os tipos. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, alertou: dois terços do país poderão ser afetados.
Em ambos os casos, a prioridade dos governos é tratar os doentes e frear a expansão do vírus. Não obrigatoriamente nessa ordem.
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