Correio Braziliense
postado em 16/03/2020 21:13
Paris, França - A União Europeia anunciou nesta segunda-feira (16/3) que fechará todas as suas fronteiras durante 30 dias por causa do avanço do novo coronavírus, e nos Estados Unidos o presidente Donald Trump reconheceu o risco de que a pandemia cause uma recessão no país. O coronavírus, que já deixou mais de 7.000 mortos no mundo, atinge principalmente agora a Europa, onde o grande aumento no número de infectados levou os países a confinar suas populações.
"Estamos em guerra. Uma guerra de saúde, mas o inimigo está aqui", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país já registrou mais de 5.400 casos de Covid-19 e 127 mortos desde o início da epidemia.
Macron anunciou que a partir da próxima terça-feira, ao meio-dia no horário local, a França exigirá confinamento total de todos os seus cidadãos. Eles só poderão sair às ruas por motivos de extrema necessidade, como forma de frear a propagação do novo coronavírus.
Nesta segunda, os líderes do G-7 prometeram dar uma "resposta contundente" à crise, comprometendo-se a fazer "todo o necessário" para restaurar o crescimento mundial em um contexto de "tragédia humana".
"A pandemia de Covid-19 é uma tragédia humana e uma crise sanitária global, que também traz grandes riscos para a economia mundial", disseram os dirigentes do grupo dos sete países, por meio de comunicado publicado após uma cúpula extraordinária por videoconferência.
Em um momento em que o mundo inteiro se organiza contra a pandemia, o G7 prometeu coordenar "esforços para retardar a propagação do vírus, incluindo medidas adequadas de gestão das fronteiras".
Na Casa Branca, Trump mencionou pela primeira vez a possibilidade de uma recessão nos EUA.
Durante uma coletiva de imprensa, o presidente americano alertou para que mais de 10 pessoas evitem se reunir, como forma de frear a propagação do coronavírus, e disse que a luta contra a pandemia poderia durar até julho ou agosto no país.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos países nesta segunda que realizem testes "em cada caso suspeito" de coronavírus.
Europa tenta conter o vírus
Na Itália, o país mais afetado da Europa e que superou os 2.150 mortos de um total de quase 28.000 casos, o governo pediu uma coordenação conjunta europeia em termos de saúde e economia.
A Espanha fechou suas fronteiras terrestres. Na Alemanha, controles nas fronteiras entraram em vigor e seus habitantes foram alertados para "ficarem em casa" e a abrirem mão das férias de verão.
A Suíça, por sua vez, decretou estado de emergência, enquanto Portugal proibiu quase "todas as aglomerações e encontros públicos e privados".
O governo britânico pediu para que todos evitassem o contato e o deslocamento "não essencial".
A Espanha é o segundo país europeu mais afetado depois da Itália, e contabiliza 309 mortos e 9.191 casos. Desde o decreto sobre estado de alerta anunciado pelo governo, a população vive confinada e com sérias restrições para o movimento por ao menos 15 dias.
Na próxima terça, ocorrerá uma reunião extraordinária dos 27 dirigentes da União Europeia.
A maioria dos países europeus vai pouco a pouco fechando suas lojas, restaurantes e casas de espetáculos, além de limitar o deslocamento. O trabalho à distância tem sido uma realidade para os que podem aplicá-lo.
A Rússia também fechou suas fronteiras aos estrangeiros.
Segundo o último boletim, no momento há mais mortes fora da China do que no país no qual a pandemia começou. No território chinês, a epidemia deixou 3.213 mortos pela infecção.
Avanço nos EUA e na América Latina
Nos Estados Unidos, o governador do estado de New Jersey, vizinho a Nova York, anunciou nesta segunda um toque de recolher para todos os comércios e deslocamentos não essenciais, a primeira medida desse tipo a nível estadual.
O Canadá proibiu a entrada de estrangeiros.
Na América Latina, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, decretou o confinamento no país, como na cidade de Caracas, a partir desta segunda-feira (16/3).
A Argentina suspendeu as aulas e fechou as fronteiras até o próximo 31 de março, enquanto a Guatemala registrou o seu primeiro morto. A Colômbia proibiu a entrada de estrangeiros, e o Chile anunciou o fechamento de todas as suas fronteiras a partir da próxima quarta-feira.
Nove países da América Latina entraram em acordo por meio de videoconferência para proteger suas fronteiras e promover compras conjuntas de insumos médicos diante da propagação da infecção na região.
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