Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 17:31
Ouagadougou, Burkina Faso - A África Subsaariana registrou sua primeira morte pelo coronavírus nesta quarta-feira, a de uma política de alto escalão de Burkina Faso. Com a notícia, o presidente da Organização Mundial da Saúde instou o continente a "se preparar para o pior". "A África deve acordar", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em uma coletiva de imprensa em Genebra, observando que "em outros países vimos como o vírus acelera após um certo ponto de inflexão". Comparativamente, a África tem um número número de mortes e infecções por coronavírus menor, mas nos últimos dias o número de infecções aumentou significativamente.
Os especialistas alertaram reiteradamente sobre o risco de que o Covid-19 pode representar para o continente, devido à sua infraestrutura de saúde precária, taxas de pobreza, conflitos, falta de saneamento urbano e superlotação de suas cidades.
As autoridades médicas de Burkina Faso anunciaram nesta quarta-feira que o número de infecções aumentou para 27 e que uma mulher de 62 anos com diabetes morreu durante a noite.
O principal partido de oposição do país, a União para o Progresso e a Mudança (UPC), afirmou em comunicado que a vítima era sua deputada, Rose-Marie Compaore, primeira vice-presidente do parlamento.
A África do Sul, a economia mais industrializada do continente, registrou um aumento de 30% no número de casos, elevando o total para 116. Nas proximidades, a Zâmbia anunciou seus dois primeiros casos. Trata-se de um casal que havia retornado de férias de dez dias na França.
Em toda a África, segundo uma contagem da AFP, houve 576 casos detectados nesta quarta-feira. Destes, 15 foram fatais: seis no Egito, cinco na Argélia, dois no Marrocos, um no Sudão e um no Burkina Faso.
Comparados ao resto do mundo, esses números são relativamente baixos, já que o número global de mortes já ultrapassou 8.000, enquanto quase 210.000 infecções foram registradas no total.
Segundo o presidente da OMS, a África Subsaariana registrou 233 infecções, mas alertou que os números oficiais podem não refletir a situação real. "Provavelmente há casos que não foram detectados ou que não foram relatados", afirmou.
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