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Covid-19: desafio que mais exige ação conjunta desde 2ª Guerra, diz Merkel

Em pronunciamento televisivo, chanceler alemã pediu a colaboração dos cidadãos para desacelerar a propagação da doença

Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 17:41

Angela Merkel em discurso nesta quarta-feira (18/3)Berlim  — Em pronunciamento à nação, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, apelou ao bom senso dos cidadãos, pedindo que eles guardem a distância dos demais como uma medida para salvar vidas frente à pandemia do coronavírus. Na Alemanha, há 8.198 casos da doença. Ela admite que este é um momento difícil, mas é preciso se preparar para tempos ainda mais duros.

“O coronavírus está mudando drasticamente a vida em nosso país. Nossa ideia de normalidade, de vida pública, de interação social — tudo isso está sendo testado como nunca antes. Milhões de vocês não podem trabalhar; seus filhos não podem ir para a escola ou creche; teatros, cinemas e lojas estão fechados; e talvez o mais difícil: todos nós sentimos falta dos encontros que, de outra forma, são dados como certos e garantidos”, afirmou, em discurso transmitido pela televisão.

 

Apesar da dificuldade da situação, Merkel afirmou acreditar que esse desafio vai passar se todos os cidadãos entenderem e fizeram a sua parte. “Então, deixe-me dizer: a situação é séria. Leve a sério também. Desde a reunificação alemã, não, desde a Segunda Guerra Mundial, não há um desafio no nosso país que dependa tanto da nossa ação conjunta e solidária quanto esse de agora”, declarou. Assim como afirmou em outras ocasiões, Merkel insistiu que agora é a hora de ganhar tempo.

 

“Pesquisas têm sido realizadas sob alta pressão em todo o mundo, mas ainda não existe nem terapia nem vacina contra o coronavírus. Enquanto for esse o caso, só há uma coisa a fazer, que é retardar a propagação do vírus ao longo dos meses e, assim, ganhar tempo. Tempo para que a ciência possa desenvolver um remédio e uma vacina. Mas, acima de tudo, tempo para que aqueles que adoecem possam receber os melhores cuidados possíveis”, afirmou. 

 

Apesar de observar que o sistema de saúde da Alemanha é de alto nível, mesmo ele pode enfrentar dificuldades se os hospitais se encherem todos ao mesmo tempo de pacientes. Para desacelerar a propagação do vírus, ela pede que a “vida pública seja reduzida o máximo possível” a fim de diminuir o risco de um infectar o outro.

“É isto que uma epidemia nos mostra: quão vulneráveis somos todos nós, quão dependentes estamos do comportamento dos outros, mas também como podemos nos proteger e fortalecer uns aos outros agindo em conjunto. Depende de cada um. Não estamos condenados a aceitar passivamente a propagação do vírus. Temos um remédio para isso: por consideração, devemos manter a nossa distância uns dos outros”, alertou.

Parem de comprar desenfreadamente

Tornou-se rotina na Alemanha ir a um supermercado e encontrar prateleiras vazias. Faltam produtos como álcool em gel, sabonete, papel higiênico, macarrão, enlatados e ovos. Muitos alemães têm feito o que, no país, é chamado de “Hamsterkauf”, ou seja, comprar desenfreadamente, sem parar, como um hamster. Merkel falou sobre o assunto durante o pronunciamento.

 

Ela garantiu que o abastecimento alimentar está assegurado: “se as prateleiras forem esvaziadas por um dia, elas serão enchidas de novo”. A chanceler ponderou que estocar comida faz sentido, mas isso deve ser feito com moderação. Acumular sem limites é “inútil e, em última análise, completamente desprovido de solidariedade”, apontou.

Merkel agradeceu o trabalho de profissionais da saúde, que estão na linha de frente na lida com o coronavírus. Ela demonstrou gratidão também a um grupo de trabalhadores por vezes esquecido: caixas de supermercado e atendentes, fundamentais para garantir o abastecimento de comida e que, neste momento, enfrentam grande risco em sua rotina.

 

*A jornalista é bolsista do Internationale Journalisten-Programme (IJP) 

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