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Europa supera Ásia em número de mortes

Impulsionado pelos casos na Itália, o continente, novo epicentro da pandemia, contabilizava, ontem, 3.421 óbitos em decorrência de complicações da Covid-19. Governos aumentam medidas de contenção da população na tentativa de barrar o avanço do Sars-Cov-2

Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 04:13



Novo epicentro do coronavírus, a Europa superou a Ásia em número de mortes provocadas pela pandemia, que continua avançando mundo afora, apesar das medidas de contenção adotadas pelos governos nos cinco continentes. Os países europeus contabilizavam, ontem, 3.421 óbitos, contra os 3.384 no continente asiático, onde surgiu o Sars-Cov-2. A Itália é o mais afetado, com 2.503 falecimentos.


Em todo o mundo, a pandemia matou mais de 8 mil pessoas e infectou 200 mil, de acordo com um balanço da agência de notícias France Presse, que contabiliza dos dados oficiais. Na tentativa de barrar a disseminação do vírus, por ordem dos governos, milhões de pessoas em dezenas de países e regiões permanecem confinadas em suas casas.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) informou, ontem, que metade dos estudantes do mundo, ou seja, mais de 850 milhões de crianças e adolescentes, estão sem aulas devido à pandemia. Com o fechamento total de escolas e universidades em 102 países e o fechamento parcial em outros 11, o número de estudantes sem aulas dobrou em quatro dias e deve continuar aumentando, destacou a agência das Nações Unidas.

Confinamento

Em países europeus como Itália, Espanha e França, o confinamento é praticamente total. A Bélgica se uniu, ontem, à lista de países que decretara o isolamento da população. As autoridades permitem a saída apenas para a compra de alimentos ou remédios, para o trabalho — nos casos em que o trabalho remoto é impossível — ou para breves passeios com os cães, que viraram uma espécie de “salvo-conduto” para sair de casa.

Tentativas de burlar o confinamento podem ser punidas com multa. Na cidade espanhola de Palencia, um homem foi repreendido pela polícia por passear com um cachorro de pelúcia.

Em meio ao agravamento da situação, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu que os líderes políticos subestimaram a magnitude do perigo representado pela epidemia do novo coronavírus. “Entendemos que todas as medidas, que há duas ou três semanas pareciam drásticas e draconianas, deveriam ser tomadas”, afirmou em uma entrevista.

Em pronunciamento, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez um apelo aos  cidadãos para que respeitem as orientações sanitárias. “Desde a Reunificação, ou melhor, desde a Segunda Guerra Mundial, nosso país não enfrentava um desafio que colocasse à prova de tal maneira a nossa ação solidária coletiva”, afirmou Merkel, que é formada em física. “Eu realmente acredito que podemos ser bem-sucedidos nessa tarefa (de combater o vírus), se todos realmente a entenderem como sua própria tarefa”, assinalou.

Quarto país mais afetado no planeta, com mais de 13,7 mil casos confirmados e 598 mortes, a Espanha prevê um cenário ainda pior. “O mais duro ainda está por vir, quando nosso sistema sanitário receber o impacto do maior número de pessoas infectadas, com os dias de isolamento prolongados, quando se manifestarem as consequências econômicas da pandemia do novo coronavírus”, advertiu o primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Em Paris, os emblemáticos locais turísticos estavam desertos no segundo dia de confinamento total em vigor na França.  O governo de Emmanuel Macron teve que recordar às empresas e cidadãos que o país não poderia ser totalmente paralisado e que os setores essenciais da economia tinham que seguir trabalhando para proporcionar, por exemplo, alimentos à população.

Na Itália, atualmente o país mais afetado pela pandemia, as autoridades começaram a vigiar as pessoas por seus smartphones, uma vez que as estimativas são de que 60% da população respeita a ordem de permanecer em casa. No país, que tem na região da Lombardia (norte) a mais atingida, foram registradas mais de 3,4 mil mortes provocadas pelo vírus — 475 entre terça-feira e ontem.

Enquanto a Europa sofre o pico da pandemia, na China, a vida retorna ao normal aos poucos. As autoridades de saúde anunciaram, ontem, um novo contágio local e 12 casos importados. Há um mês, a China tinha milhares de contaminados por dia.

Na América Latina, com mais de 1,2 mil contágios e nove mortes confirmadas, o Chile, com quase 200 casos de contágio, decretou“estado de catástrofe” e enviou os militares às ruas. Colômbia e Bolívia anunciaram emergência sanitária. Na Argentina, os voos domésticos, viagens de ônibus e trens de longa distância foram interrompidos durante cinco dias.



“Desde a reunificação, ou melhor, desde a Segunda Guerra Mundial, nosso país não enfrentava um desafio que colocasse à prova de tal maneira a nossa ação solidária coletiva”
Angela Merkel, chanceler da Alemanha

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