Mundo

Pessoas com Covid-19 transmitem o vírus antes de terem sintomas, diz estudo

Uma outra pesquisa mostra que a melhor forma de combate a doença é o isolamento social

Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 18:42
Uma outra pesquisa mostra que a melhor forma de combate a doença é o isolamento socialAs medidas de isolamento que estão sendo adotadas para combater  a pandemia do coronavírus pelo Brasil podem ser bastante eficazes. Isto é o que indica um estudo publicado na segunda-feira (16/3) pela Imperial College, de Londres. Segundo a pesquisa, caso não fosse feito nada para conter a disseminação do vírus, cerca de 81% da população dos Estados Unidos e do Reino Unido seriam infectados.

Isso pode ser explicado pela alta disseminação do vírus. Um estudo publicado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, mostrou que a Covid-19 se espalha rápido e muitas vezes antes da pessoa sentir sintomas. Os pesquisadores descobriram que o tempo entre os casos é inferior a uma semana e que mais de 10% dos pacientes são infectados por alguém que possui o vírus, mas ainda não apresenta sintomas.

Isso, segundo os pesquisadores, mostra que essa é uma pandemia difícil de ser controlada. "O ebola, com um intervalo serial de várias semanas, é muito mais fácil de conter do que a gripe, com um intervalo serial de apenas alguns dias. Os responsáveis pela saúde pública dos surtos de ebola têm muito mais tempo para identificar e isolar os casos antes de infectar outros". explicou Lauren Ancel Meyers, uma das responsáveis pela pesquisa.

Segundo a pesquisa desenvolvida em Londres, para conter o avanço da doença é necessário o fechamento de escolas, faculdades e o isolamento social. E isso teria que durar até uma vacina ser descoberta - o que os pesquisadores estimam que levaria uns 18 meses. "Pode ser que a gente viva em um mundo muito diferente do que conhecemos durante um ano ou mais", resumiu Neil Ferguson, chefe do programa de modelos matemáticos do Imperial College de Londres, em entrevista ao jornal Financial Times.

No estudo foram levados em conta três aspectos de combate ao vírus: a supressão, a mitigação e a inação.No primeiro caso, é romper a transmissão, ou seja, isolar as pessoas, como fez a China. O segundo é aceitar que não se pode controlar a transmissão e só tentar reduzir ao máximo os casos. E o terceiro é não fazer nada e  esperar a população criar imunidade coletiva. “Supressão, embora tenha sido bem-sucedida até o momento na China e na Coréia, acarreta enormes custos sociais e econômicos, que podem ter significativos impacto na saúde e no bem-estar a curto e longo prazo. A mitigação nunca será capaz de proteger completamente as pessoas em risco de doenças ou morte graves e a mortalidade resultante pode portanto, ainda ser alto”, explica a pesquisa.

Para saber qual a melhor medida, os pesquisadores fizeram cálculos com base no número de casos de cada país, período de incubação do vírus e estratégias adotadas para tratamento.

Sem as medidas de mitigação e supressão, os pesquisadores calcularam que aproximadamente 510 mil pessoas morreriam no Reino Unido e 2,2  milhões nos Estados Unidos.Isso mesmo o sistema de saúde sendo capaz de atender a todos.  Com a estratégia de mitigação do contágio, seriam 255 mil mortes no Reino Unido e 1,2 milhões nos Estados Unidos. Além disso,  o sistema de saúde entraria em colapso. Já o modelo mais rígido, de supressão, seria capaz de reduzir em dois terços os casos graves da doença.

Segundo o New York Times, a divulgação dos números fez com os dois países tomassem medidas mais duras em relação ao combate a pandemia. Até então, o Reino Unido estava adotando uma medida de “mitigação”. Nesta quarta-feira (18/3), o primeiro-ministro do país, Boris Johnson, anunciou o fechamento de todas as escolas. O país já registrou 104 mortes pela doença.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags