Mundo

Trump volta a criticar China por pandemia

Presidente dos Estados Unidos afirma que o planeta %u201Cpaga um preço alto%u201D pela lentidão inicial do país asiático em prestar informações sobre a propagação do Sar-Cov-2. E questiona declarações de autoridades de Pequim de que não há casos novos da doença no território

Correio Braziliense
postado em 20/03/2020 04:05
Funcionário da Casa Branca mede a temperatura de jornalista, antes de entrevista
do líder republicano: 10 mil infectados no território americano







Depois de se referir ao novo coronavírus como “vírus chinês”, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou ontem Pequim pela forma como agiu no surgimento da Covid-19. Trump ressaltou que o mundo está pagando “um preço alto” por causa da lentidão inicial da China na hora de passar informações sobre o Sars-Cov-2. “Teria sido muito melhor se tivessem nos informado de tudo alguns meses antes, isso poderia tê-lo contido na região da China de onde surgiu”, afirmou.

Ontem, o novo coronavírus ultrapassou 100 mil infectados na Europa e 10 mil nos Estados Unidos, enquanto a Itália ultrapassou a taxa de mortalidade da China, que começa cautelosamente a ver a luz no fim do túnel. “O mundo paga um preço alto pelo que fizeram”, ressaltou o presidente dos EUA, durante uma entrevista na Casa Branca. O micro-organismo que originou a pandemia  foi detectado pela primeira vez em dezembro do ano passado, em Wuhan, na China.

As autoridades de Pequim foram criticadas inicialmente pela falta de transparência e lentidão para reagir diante da propagação do vírus. No entanto, após medidas drásticas de confinamento da população, registrou uma queda no número de casos que contrasta com o crescimento no exterior.

Ontem, pela primeira vez, autoridades chinesas afirmaram não ter registrado nenhum novo diagnóstico da doença no país. Segundo Pequim, os 34 casos detectados foram todos “importados”. As informações foram colocadas em dúvida por Trump. “Devemos acreditar no que estão dizendo agora? Espero que seja verdade”, disse o chefe da Casa Branca, insistindo: “Quem sabe, espero que seja verdade.”

Propagação
Atualmente, os países da Europa são os mais atingidos pela Covid-19, mas a inquietação cresce em todo o planeta, prestes a atingir a marca de 10 mil mortes. Nos cinco continentes, existem mais de 230 mil afetados pelo novo coronavírus, que é transmitido mais rapidamente que a gripe e pode permanecer assintomático por muitos dias.

“Se deixarmos que o vírus se espalhe como um incêndio florestal, especialmente nas regiões mais vulneráveis do mundo, ele matará milhões de pessoas”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Mesmo com grande parte da população confinada e com o patrulhamento policial em muitas de suas cidades, o continente europeu responde por quase metade das mortes no mundo, mais de 4.700.

Na Itália, novo epicentro da doença, foram 427 óbitos entre quarta-feira e ontem, totalizando 3.405 mortes, 160 a mais que as 3.245 relatadas pela China. “Proteja-se, eu estou te implorando. Não dê ouvidos a quem afirma que não é nada”, tuitou a freira Linda Maresca. As medidas de confinamento, previstas para valer até 3 de abril, serão prorrogadas.

Na França, há quase 5 mil hospitalizados, mil deles em respiradores. No terceiro dia de confinamento, policiais franceses abordam pessoas que insistem em permanecer nas ruas sem justificativas. “As pessoas continuam indo ao parque, à praia ou correndo para mercados”, criticou o presidente francês, Emmanuel Macron.

Na Espanha, as mortes aumentaram 30%, chegando a quase 800.  Na Alemanha, onde mais de 10 mil casos foram confirmados, a chanceler Angela Merkel pediu a seus concidadãos que respeitem as recomendações para limitar o deslocamento, “essencial para salvar vidas”.

Embora afete principalmente pessoas idosas com outras patologias, a Covid-19 não distingue classes sociais. O príncipe Albert de Mônaco deu positivo, assim como o principal negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier.

Com mais ou menos ordem e coordenação, os governos mundo afora ordenam a apreensão de material essencial para combater a pandemia, repatriam seus cidadãos surpreendidos no exterior e respondem da melhor maneira possível aos inúmeros pedidos de ajuda implorados por todos os setores econômicos.

A Índia ensaiará um toque de recolher no próximo domingo, entre 7h e 21h, para “testar” a vontade de seus 1,3 bilhão de habitantes de enfrentar um enorme desafio social e de saúde, anunciou o primeiro-ministro Narendra Modi.


“Teria sido muito melhor se tivessem nos informado de tudo alguns meses antes. Isso poderia tê-lo contido na região da China de onde surgiu”

Donald Trump, presidente dos EUA






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