Correio Braziliense
postado em 20/03/2020 04:05
Quarentena, isolamento, fechamento de fronteiras... Ao mesmo tempo em que vários países lutam contra o coronavírus com esse tipo de medida, a Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu, ontem, que quase 3 bilhões de pessoas não contam sequer com as armas básicas de proteção: água potável e sabão. A pandemia infectou até o momento mais de 200 mil pessoas no mundo e matou mais de 9 mil, com uma propagação sem trégua desde que surgiu na China, em dezembro.
A Europa se tornou o epicentro da batalha contra o vírus, com o fechamento de fronteiras e milhões de pessoas retidas em suas casas. Ao mesmo tempo, aumenta a preocupação com os países em desenvolvimento com sistemas de saúde frágeis.
Países na África e Ásia restringiram os deslocamentos, ordenaram quarentenas e fecharam escolas. Mas uma das práticas individuais mais fundamentais para a proteção da Covid-19, lavar as mãos, é inacessível para boa parte da população mundial.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) calcula que 40% da população mundial, ou seja 3 bilhões de pessoas, carece de meios para lavar as mãos em casa por falta de acesso fácil à água potável, por não ter condições de comprar sabão ou simplesmente pela falta de consciência da importância dessa prática. “Inclusive entre os profissionais da área de saúde nem sempre se compreende a importância de lavar as mãos”, afirma Sam Godfrey, diretor do Unicef para água e medidas sanitárias no leste e sul da África.
Desnutridos
As populações que lotam os subúrbios e os campos de refugiados na região do Chifre da África estão especialmente expostas porque podem estar desnutridas ou ter problemas de saúde, além das condições de saneamento insuficientes. Na África subsaariana, 63% da população de áreas urbanas — 258 milhões de pessoas — não pode lavar as mãos, segundo os dados do Unicef. Na Ásia central e do sul, esse dado chega a 22%, ou seja, 153 milhões de pessoas.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que milhões de pessoas poderiam morrer por causa do novo coronavírus, principalmente nos países pobres, caso a propagação ocorra sem controle. Guterres insistiu na necessidade de uma resposta global para conter a “tragédia sanitária”. “Precisamos nos afastar imediatamente de uma situação em que cada país tem a própria estratégia sanitária até uma que garanta, com total transparência, uma resposta global coordenada, que inclua ajudar os países que estão menos preparados para enfrentar a crise”, disse o chefe da ONU.
63%
63%
das pessoas que vivem em cidades da África Subsaariana enfrentam dificuldades para lavar as mãos, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
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