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México e EUA fecham acordo sobre fronteira

Os dois países decidem proibir as viagens consideradas não essenciais, numa tentativa de barrar o avanço do Sars-Cov-2. Atividades comerciais não serão afetadas pela medida, que também tem como alvo impedir o fluxo migratório. Na Itália, novo recorde de óbitos

Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 04:34
Recém-chegados do território mexicano, pedestres atravessam rua em San Ysidro, na Califórnia


Em uma medida conjunta de forte caráter simbólico no combate à disseminação do novo coronavírus, os Estados Unidos anunciaram ontem que a fronteira do país com o México fechará para toda a movimentação que não seja considerada fundamental. “Os Estados Unidos e o México decidiram proibir as viagens não essenciais através da fronteira compartilhada”, declarou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

“Nossos dois países sabem até que ponto é importante trabalhar juntos para limitar a propagação do vírus”, ressaltou o chefe da diplomacia dos EUA, em uma coletiva de imprensa na Casa Branca. A medida junta-se à proibição de viagens consideradas não essenciais entre os EUA e o Canadá, que entrou em vigor ontem à noite e está prevista para durar pelo menos pelos próximos 30 dias.

O fechamento não afetará o “comércio legal”, explicou o secretário de Segurança Nacional, Chad Wolf. “As atividades comerciais não essenciais não serão afetadas em nenhuma das duas fronteiras”, ressaltou Wolf.

Diferentemente da proibição da entrada de viajantes estrangeiros vindos da Europa, que surpreendeu a União Europeia, o presidente americano, Donald Trump, insistiu nessas medidas coordenadas no país. “Tratamos as duas fronteiras (Norte e Sul) da mesma forma”, ressaltou o chefe da Casa Branca.

Trump considerou que tinha que limitar as migrações globais em massa, por causa da proliferação do novo coronavírus. “Em tempos normais, esses fluxos em massa já representam um enorme peso para o nosso sistema de saúde”, disse o magnata republicano, que transformou a luta contra a imigração em uma das suas prioridades.

Mas, durante uma pandemia mundial, afirmou Trump, a movimentação poderia “ter o efeito de um furacão que propagaria a infecção em nossos agentes que atuam nas fronteiras, para os imigrantes e para os americanos em geral”. “Sem restrições, isso paralisaria nosso sistema migratório, sobrecarregaria o nosso sistema de saúde e colocaria o nosso sistema nacional em perigo”, finalizou Trump.

Contenção
Novas medidas para barrar o avanço da Covid-19 foram adotadas por vários governos mundo afora. Na Itália, que registrou 627 mortes por coronavírus num intervalo de 24 horas, um novo recorde, o ministro da Saúde, Roberto Speranza, assinou um decreto para fechar parques, espaços verdes e jardins públicos de 21 a 24 de março em toda o país.

Também proibiu esportes ao ar livre e atividades recreativas, permitindo que as pessoas se exercitem “individualmente, perto de sua própria casa e respeitando uma distância mínima de um metro de outras pessoas”. O número total de mortes é de 4.032, em 47.021 infectados. A Itália representa agora 36,6% de todas as mortes pelo vírus no planeta.

Governadores das regiões do norte da Itália, as mais ricas do país e as mais afetadas pela epidemia, pedem ainda mais encerramentos de atividades econômicas e o destacamento do exército para fazer cumprir as medidas.

“Infelizmente, ainda hoje os números não estão indo na direção certa, seja em termos de novas infecções ou mortes”, que estão aumentando “significativamente”, disse Attilio Fontana, governador da Lombardia, foco da epidemia na Itália.

Entre quinta-feira e ontem, os países que registraram mais mortes, além da Itália, foram a Espanha (235) e o Irã (149). A China continental (sem contar Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no fim de dezembro do ano passado, tem um total de 80.976 pessoas infectadas, das quais 3.248 morreram e 71.150 foram completamente curadas.




Promessa de vencer a Covid-19

Na celebração do Nouruz, o ano-novo persa, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente Hassan Rouhani destacaram o fim de um período difícil e prometeram que a República Islâmica triunfará contra a Covid-19 e as sanções americanas que asfixiam o país. O Irã é um dos países mais afetados pelo novo coronavírus, com aproximadamente 1,3 mil mortos. Khamenei elogiou a dedicação e os “sacrifícios” dos médicos e enfermeiros diante da crise de saúde. “Em breve, vamos superar a epidemia da Covid-19”, prometeu Rouhani.


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