Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 10:34
Pequim, China - A província chinesa de Hubei, onde a Covid-19 surgiu em dezembro, prepara-se para suspender sua quarentena, enquanto 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo estão confinadas e o vírus fez uma nova vítima de peso, os Jogos Olímpicos de Tóquio.A partir de quarta-feira (25), os habitantes saudáveis da região do centro da China poderão circular livremente. Mas aqueles em Wuhan, cidade de origem da pandemia e isolada desde o final de janeiro, terão que esperar até 8 de abril.
A China registrou nesta terça-feira (24) 78 novas mortes pelo coronavírus, mas quase exclusivamente de pessoas que vieram do exterior. Isso prova que a epidemia está quase controlada, embora desperte medo de uma nova onda de infecções.
Para poder circular, os habitantes de Hubei terão que mostrar um QR code "verde" em seus celulares, uma espécie de prova de que não estão infectados. "Aguardo ansiosamente a liberdade", declarou à AFP Willa, enfatizando que, após dois meses de confinamento, "as pessoas estão sob imensa pressão".
No total, a pandemia matou 16.961 pessoas em todo o mundo desde dezembro, e o número de infecções registradas oficialmente chega a 386.350 em 175 países e territórios, segundo dados da AFP. O número de casos reais pode ser muito maior, pois na maioria dos países os testes de diagnóstico são realizados apenas nos pacientes mais graves.
A Europa já contabiliza 199.779 casos (10.724 mortes), a Ásia 98.748 casos (3.570 mortes), Estados Unidos e Canadá 48.519 casos (523 mortes), Oriente Médio 29.087 casos (1.966 mortes), América Latina e Caribe 6.217 casos (112 mortes), Oceania 2.225 casos (9 mortes) e África 1.778 casos (57 mortes).
Diante do avanço da pandemia, o confinamento se tornou regra. Nesta terça, 66 milhões de britânicos se juntaram ao confinamento obrigatório.
Londres deserta
"Não devem encontrar amigos; se chamarem para sair, devem dizer não", insistiu o primeiro-ministro Boris Johnson em mensagem televisionada na segunda-feira, após um fim de semana com parques e praias lotados.
Em um país que zela por suas liberdades civis, só se pode sair de casa para fazer compras, para exercícios físicos ou ir trabalhar, se for "absolutamente necessário". Sozinho ou a dois.
Nesta terça-feira, as ruas de Londres amanheceram vazias, exceto nas proximidades de hospitais, onde os funcionários chegam apreensivos. E nas entradas dos parques cartazes recordavam a recomendação de manter dois metros de distância de outras pessoas.
Ainda assim, os londrinos têm mais sorte do que na Espanha, onde qualquer atividade ao ar livre pode ser sancionada com multas.
O governo do socialista Pedro Sánchez se prepara para estender por mais duas semanas, até 11 de abril, o confinamento quase total de seus 46,6 milhões de habitantes, na esperança de derrotar um vírus que não para de tirar vidas.
Somente na segunda-feira, o dia mais mortal desde o início da pandemia, 514 pessoas morreram no país, elevando o saldo de vítimas para 2.696 mortes, segundo dados divulgados nesta terça-feira.
A Espanha é o segundo país mais afetado na Europa, atrás da Itália, e 60% de suas mortes estão concentradas na região de Madri, que, devido à saturação dos serviços funerários, decidiu habilitar uma pista de patinação no gelo em necrotério.
Adiamento das Olimpíadas
O Irã, entre os países mais afetados, anunciou 122 novas mortes nesta terça-feira, elevando o saldo oficial total para 1.934 vítimas fatais. Globalmente, a pandemia de coronavírus já causou 16.000 mortes e está "se acelerando", alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na segunda-feira.
E pediu aos governos que multipliquem as quarentenas para impedir que seus sistemas de saúde, mesmo nos países mais desenvolvidos, explodam.
No Rio de Janeiro, as favelas, que concentram uma população pobre em habitações precárias, estão em alerta e na Venezuela a pandemia se soma à crise econômica e humanitária de uma população que não pode ficar em casa se quiser sobreviver.
Na África, o coronavírus avança de forma lenta, mas progressivamente, e os temores dos especialistas se multiplicam porque milhões de pessoas não podem nem mesmo lavar as mãos adequadamente para evitar infecções.
Cada governo procura estratégias. O Paraguai anunciou que garantirá o fornecimento de hidroxicloroquina, um medicamento que pode ser eficaz contra o novo coronavírus. Em Cuba, foi decidido o isolamento de cerca de 32.000 visitantes estrangeiros em hotéis a partir desta terça-feira, para prevenir infecções.
Finalmente, o Japão apresentou uma proposta de adiamento por um ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 devido à pandemia do coronavírus e o Comitê Olímpico Internacional (COI) a aceitou, anunciou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
"Eu propus adiar em um ano e o presidente (Thomas) Bach concordou em 100%", declarou Abe aos jornalistas, referindo-se à conversa que teve nesta terça-feira com o presidente do COI.
Economia
Paradoxalmente, e em linha com uma série de anúncios ambíguos e contraditórios, os Estados Unidos decidiram reabrir "muito em breve" ao mundo dos negócios, anunciou Donald Trump na segunda-feira à noite.
"Não podemos deixar que o remédio seja pior que a doença", disse ele, na tentativa de evitar que o coronavírus afunde a economia americana e talvez sua reeleição.
Globalmente, governos e bancos centrais estão destinando bilhões de dólares a uma economia prejudicada pela pandemia. Nesta terça-feira, as Bolsas de valores operavam em alta, otimistas em relação a essas medidas e com uma pequena esperança de que o pico da epidemia chegue em breve na Europa.
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