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África começa a decretar toques de recolher e confinamentos contra covid-19

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, chamou o G20 a apoiar as economias africanas, reduzindo sua dívida e preparando um plano de ajuda financeira de emergência de 1,5 bilhão de dólares

Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 22:10
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, chamou o G20 a apoiar as economias africanas, reduzindo sua dívida e preparando um plano de ajuda financeira de emergência de 1,5 bilhão de dólaresDacar, Senegal -A pandemia do novo coronavírus está avançando na África, onde Senegal, Costa do Marfim, Serra Leoa e República Democrática do Congo decretaram estado de emergência, enquanto a África do Sul se prepara para o confinamento.

O continente africano somava 1.800 casos e cerca de 60 mortos, contra os mais de 400.000 infectados e 18.000 mortos no mundo, segundo um balanço da AFP elaborado com fontes oficiais nesta terça-feira (24).

Mas a precariedade dos sistemas de saúde africanos faz temer o pior.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, chamou o G20 a apoiar as economias africanas, reduzindo sua dívida e preparando um plano de ajuda financeira de emergência de 1,5 bilhão de dólares.

O Banco Árabe para o Desenvolvimento Econômico na África (BADEA), uma instituição da Liga Árabe com sede em Cartum, anunciou que destinará 100 milhões de dólares para ajudaar a África subsaariana para enfrentar a crise do coronavírus.

Nesta terça, todo o continente acordou de luto pela morte de Manu Dibango, saxofonista camaronês e lenda do afro-jazz, falecido na França de complicações da Covid-19 aos 86 anos.

"Digo-lhes solenemente que o momento é grave", advertiu o presidente senegalês Macky Sall, ao anunciar o decreto de estado de emergência em seu país, onde foram detectados  86 casos.

Para atenuar o impacto econômico e social, o presidente anunciou um fundo equivalente a 1,5 bilhão de dólares, dos quais 5% serão destinados a ajuda alimentar.

"É muito difícil", repetem no mercado de Sandaga, em Dacar, os humildes vendedores de tecidos, suvenires e sapatos.

Na Costa do Marfim, onde foram registrados 48 novos contágios em dois dias (73 no total), o presidente Alassane Ouattara também decretou na segunda estado de emergência e toque de recolher, assim como o confinamento progressivo da população por zonas geográficas.

- Primeiro-ministro em quarentena -
Seu primeiro-ministro, Amadou Gon Coulibaly, está em confinamento voluntário após ter estado em contato com uma pessoa contagiada, anunciou o próprio pelo Twitter.

O presidente de Serra Leoa, Julius Maada Bio, decretou nesta terça estado de emergência por "12 meses".

No arquipélago turístico de Cabo Verde, em frente à costa senegalesa, e o Níger registraram as primeiras mortes.

E na Nigéria, o país mais populoso da África, houve um morto, assim como no Zimbábue.

Foram decretados toques de recolher em Egito, Mauritânia e Gabão. O confinamento está em vigor também na Tunísia e na Argélia. A Líbia registrou o primeiro caso de coronavírus no país.

O Sudão do Sul anunciou, por sua vez, o fechamento de suas fronteiras aéreas e terrestres com exceção do caso de abastecimento de provisões e combustível.

Em Burkina Faso, o país mais afetado do oeste da África, o número de casos confirmados passou para 114, quatro deles, fatais.

O confinamento também afeta Ruanda, Ilhas Maurício, as duas primeiras cidades de Madagascar e Lumbumbashi, capital econômica da República Democrática do Congo, que na noite de terça-feira decretou estado de emergência e isolamento na capital, Kinshasa.

- África do Sul, o país mais afetado - 
A epidemia continua se espalhando rapidamente na África do Sul, o país mais afetado de todo o continente, onde o número de contágios chegou a 554, um aumento de 150 casos em 24 horas, segundo o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, que espera que estas cifras se multipliquem por três ou quatro nas próximas semanas.

Na noite de segunda-feira, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, determinou o confinamento nacional por três semanas para "evitar uma catástrofe humana de proporções enormes".

Também anunciou a mobilização do exército para que se respeite o confinamento.

Nombulelo Tyokolo, de 41 anos, uma empregada doméstica que vive em Khayelitsha, bairro da periferia da Cidade do Cabo, está angustiada. 

"A ideia de passar 21 dias trancada me dá medo. Estou apavorada".

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