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COI pede "sacrifícios e compromissos" para Jogos Olímpicos em 2021

A pressão de atletas e federações fez com que a opção do adiamento fosse a única possível

Correio Braziliense
postado em 25/03/2020 11:54
Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas BachLausana, Suíça - O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021 precisa de "sacrifícios e compromissos". Um dia depois da histórica decisão de adiar por um ano o evento devido à pandemia do coronavírus, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou que a missão não será fácil.

A pressão de atletas e federações fez com que a opção do adiamento fosse a única possível e o COI se viu obrigado a renunciar ao plano inicial de manter os Jogos entre 24 de julho e 9 de agosto de 2020. Para o desafio de reagendar o evento para 2021, Bach alertou em coletiva por telefone com 400 veículos de imprensa que precisará da colaboração de todos, inclusive dos patrocinadores.

Desde a criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas em 1896 sob a liderança do barão francês Pierre de Coubertin, nunca o evento precisou ser adiado. A organização dos Jogos foi impossibilitada pelas duas Guerras Mundiais do século XX, que provocaram o cancelamento das edições de 1916, 1940 e 1944.

Diante da ameaça inédita do novo coronavírus que se propaga pelo mundo, com milhares de mortes e milhões de pessoas confinadas, Bach admitiu nesta quarta-feira (25) que o cenário de um cancelamento dos Jogos esteve "sobre a mesa" como uma das opções.

Cancelamento foi "estudado"

 
"Certamente a questão de um cancelamento foi debatida e estudada, mas ficou muito claro desde o início que o cancelamento dos Jogos nunca foi uma prioridade, já que nossa missão era organizá-los e tornar possível o sonho dos atletas", destacou Bach.

Mas adiar "o evento esportivo mais complexo de organizar do mundo" será um enorme quebra-cabeça e "um desafio", continuou o presidente do COI, que terá que inserir o evento em um calendário internacional já sobrecarregado.

A Uefa e a Conembol decidiram na terça-feira passada (17) adiar para 2021 a Eurocopa e a Copa América de futebol, que aconteceriam inicialmente entre junho e julho de 2020.

Dois Mundiais importantes também estão programados para o verão boreal (Hemisfério Norte) de 2021: o de atletismo (6-15 de agosto) em Eugene, nos Estados Unidos, e de natação (6 de julho-1º de agosto) em Fukuoka, no Japão.

Na segunda-feira (23), a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) adiantou que está conversando com os organizadores americanos para tentar trocar as datas de seu Mundial de 2021.

Questionado pela AFP, um dirigente da Federação Internacional de Natação (Fina) garantiu que adiar o Mundial da modalidade "não seria um problema".

Diálogo com 33 federações

 
Os Jogos Olímpicos de Tóquio irão reunir 33 federações (os 28 esportes mais tradicionais e outros 5 novos, o surfe, o karatê, a escalada, o skate e o beisebol/softbol), que também tinham campeonatos continentais ou intercontinentais programados para 2021.

Desde a última quinta-feira (19), o grupo de trabalho criado pelo COI e batizado de "Here We Go!" (Lá Vamos Nós!) tem organizado teleconferências com as federações.

Em relação às possíveis datas, Bach confirmou que "todas as opções estão sobre a mesa, antes e durante o verão (boreal) de 2021".

Mas, de acordo com uma fonte próxima ao COI, a opção de organizar os Jogos Olímpicos em 2021 em datas similares às previstas em 2020 "é a solução preferida do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe".

Esse argumento é fortalecido pelo fato de que algumas ligas dos esportes por equipes mais tradicionais e influentes (futebol e basquete, principalmente) não veriam com bons olhos competir em audiência com os Jogos Olímpicos caso o evento seja antecipado para a primavera (boreal) de 2021.

Vila Olímpica 

 
Entre os problemas de logística está também a questão da Vila Olímpica, que deve receber 11.000 atletas em apartamentos que, em muitos casos, já tinham comprador para depois dos Jogos.

Estes alojamentos, situados em uma zona cobiçada de Tóquio, estavam programados para serem rapidamente transformados em 4.000 apartamentos após os Jogos, alguns deles a um preço de venda de 170 milhões de ienes (1,4 milhão de euros).

Para Thomas Bach, o dilema da Vila Olímpica "é uma das milhares de questões que precisarão de resposta".

"Todo mundo que fica hospedado na Vila Olímpica sabe o que representa esta experiência, é única", afirmou o presidente do COI.

"Estamos diante de uma situação sem precedentes e diante de um desafio sem precedentes", concluiu.

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