O Senado dos Estados Unidos e a Casa Branca chegaram, ontem, a um acordo para aprovar um pacote de ajuda emergencial de US$ 2,2 trilhões — o maior da história do país. O valor será injetado na economia norte-americana para mitigar as consequências da pandemia do novo coronavírus. Até o fechamento desta edição, os senadores se esforçavam para vencer divergências de última hora, mas Washington dava a aprovação como certa. “Eu assinarei (a lei) imediatamente”, avisou o presidente Donald Trump, na noite de ontem.
De acordo com o jornal The Washington Post, a lei concederá US$ 1.200 para a maioria dos adultos norte-americanos e US$ 500 para a maior parte das crianças. Também criará um programa de empréstimos de US$ 500 bilhões para empresas, cidades e estados, além de um fundo de retenção de empregos de US$ 367 bilhões para pequenos negócios. O pacote direcionará US$ 130 bilhões aos hospitais e concederá quatro meses de seguro-desemprego, entre outros benefícios. Além do subsídio às pequenas empresas, o governo fornecerá centenas de bilhões de dólares em empréstimos para grandes empresas, incluindo as companhias aéreas.
O texto sobre o estímulo econômico foi alcançado depois de cinco dias de árduas negociações. “Por fim, temos um acordo”, comemorou o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, antes de citar um “nível de investimentos em tempos de guerra”. “Depois de negociações de várias horas, temos um acordo bipartidário sobre o maior pacote de resgate na história dos Estados Unidos”, disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer. Ele revelou que o pacote também prevê o que chamou de “Plano Marshall para hospitais”, em referência ao programa de assistência americano para reconstruir a Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Para evitar contágios que poderiam provocar o colapso dos hospitais, 100 milhões de pessoas — quase um terço da população dos Estados Unidos — receberam determinações para permanecer em suas casas, provocando a suspensão de aulas, o fechamento de milhares de estabelecimentos comerciais e a demissões de milhões de trabalhadores.
Diante dos excessos de alguns benefícios corporativos do plano de resgate durante a crise de 2008, os democratas desejavam uma supervisão maior dos empréstimos para as grandes empresas, além do pagamento de salários para os funcionários demitidos e mais recursos para os hospitais. Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes e líder democrata, declarou anteontem que “muitos dispositivos (do texto) foram enormemente melhorados”.
Ela deu a entender que o plano poderia ser aprovado por unanimidade na Câmara, o que pouparia tempo ao eliminar o debate e não exigiria que os legisladores, atualmente em recesso, retornassem a Washington para votar em meio à crise de saúde. Com mais de 60 mil casos confirmados, os Estados Unidos são o terceiro país em número de infectados, atrás da China e Itália.
Nova York
Trump espera que o país possa se reativar em meados de abril, mas parece estar sozinho entre os líderes mundiais. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, afimou que a quarentena e o distanciamento social estão diminuindo a taxa de contágio pela Covid-19. Existem mais de 30 mil casos no estado de Nova York — quase 18 mil na cidade de Nova York, com 285 mortes. Ontem, operários apressavam-se na construção de um necrotério improvisado em Manhattan. Cuomo disse que Nova York precisará de 30 mil respiradores no pico da pandemia, que deverão chegar à Big Apple em 21 dias.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que a cidade ficará sem equipamento médico suficiente para cuidar dos doentes neste fim da semana. Cuomo, entretanto, garantiu que os atuais recursos vão durar por mais de 15 dias. “Agora, e em um futuro próximo, temos suprimento. Ainda não garantimos o suprimento por três semanas, daqui a quatro semanas, cinco semanas. Mas continuamos comprando”, disse o governador. Cuomo pediu ao presidente Donald Trump que organize uma distribuição de equipamentos que priorize os estados mais afetados.
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