Correio Braziliense
postado em 28/03/2020 04:05
Surgida na Ásia em dezembro e em um momento crítico na Europa, a pandemia de coronavírus afeta com força os Estados Unidos, o que levou o presidente chinês, Xi Jinping, a pedir a união das duas maiores potências mundiais para lutar contra a Covid-19, que já provocou mais de 23 mil mortes no planeta.
Apesar da rivalidade, China e Estados Unidos “devem unir-se contra a epidemia” de Covid-19, destacou o presidente Xi durante uma conversa telefônica com o norte-americano Donald Trump. “A China está disposta a continuar compartilhando sem reservas informações e experiências com os Estados Unidos”, afirmou Xi, de acordo com o canal televisão público CCTV.
A mensagem de apaziguamento ocorre depois de uma série de ataques verbais entre Pequim e Washington. Uma fonte do governo chinês chegou a sugerir que o vírus teria origem americana, enquanto Trump e seus colaboradores não perdiam oportunidade de usar os termos “vírus chinês”, além de criticar a falta de transparência de Pequim sobre a gravidade da epidemia.
Enquanto China e Estados Unidos se unem na luta contra a pandemia, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou, ontem, pacote histórico de US$ 2 trilhões com a intenção de impedir que a maior economia do mundo caia em uma recessão duradoura devido ao impacto da pandemia de coronavírus.
No momento em que os EUA se tornaram o epicentro global da pandemia, republicanos e democratas aprovaram o maior plano de ajuda econômica da história do país nesta semana. Para entrar em vigor, a iniciativa exige a assinatura do presidente Donald Trump, que prometeu promulgá-la rapidamente.
“Nossa nação está enfrentando uma emergência econômica e de saúde de proporções históricas devido à pandemia de coronavírus, a pior em mais de 100 anos”, disse a presidente da Câmara dos Representantes e líder da maioria democrática Nancy Pelosi pouco antes. O corpo passou a medida por aclamação.
O texto, adotado pelo voto unânime dos senadores (96 x 0) na noite de quarta-feira, inclui disposições para atender os setores mais afetados pela crise da saúde. Por ele, planejam-se o envio de um cheque de US$ 1.200 para americanos de baixa renda, quase US$ 400 bilhões em assistência a pequenas empresas e US$ 500 bilhões em assistência a grandes empresas. Além disso, US$ 100 bilhões serão enviados a hospitais e US$ 30 bilhões para o financiamento a pesquisas sobre vacinas e tratamentos para a Covid-19.
Também amplia dramaticamente o seguro-desemprego, uma ajuda que amortecerá o golpe para os impressionantes 3,3 milhões de pessoas que entraram com pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada em 21 de março. “Estamos lançando as bases para uma rápida recuperação econômica”, disse o deputado republicano da Câmara, Kevin McCarthy, depois de vários elogiarem a medida como “salva-vidas crucial” para trabalhadores e pequenas empresas.
Votação
A votação de sexta-feira na câmara baixa se destacou de várias maneiras. Para evitar contágios, foram implementadas regras de distanciamento entre os legisladores, o que significava que muitos deveriam sentar-se nas galerias para o público devido à falta de espaço na sala.
Com o Congresso em recesso nesta semana, Pelosi estava defendendo uma votação rápida que exigiria apenas alguns membros presentes. Mas o republicano Thomas Massie, que se opôs à dispendiosa lei, ameaçou adiar a adoção da medida, levando centenas de parlamentares a voltarem a Washington para o caso de uma votação nominal. Finalmente, a Câmara escapou da decisão de Massie e aprovou a lei por aclamação, atraindo aplausos generalizados. Trump atacou Massie no Twitter, classificando o político como de terceira categoria. “Chutem Massie para fora do Partido Republicano!”, esbravejou o presidente.
Pelosi disse que o gigantesco plano, a terceira iniciativa do Congresso para ajudar o país a lidar com a pandemia, não será o último passo para colaborar com comunidades devastadas. “Precisamos avançar no quarto projeto de lei para atender às necessidades contínuas”, disse ele, observando que os governos estaduais e locais precisarão de “muito mais” financiamento para enfrentar a crise.
"A China está disposta a continuar compartilhando sem reservas informações e experiências com os Estados Unidos”
Xi Jinping, presidente da China
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